Serra e Jereissati têm empate na Internet
Serra e Jereissati têm empate na Internet
Resultado de pesquisa feita pela Folhaonline já é contestado pela facilidade de sofrer manipulação.
O ministro da Saúde, José Serra, e o governador do Ceará, Tasso Jereissati, estão praticamente empatados na disputa dentro do PSDB para indicar o candidato do partido à eleição para a Presidência da República em 2002. O resultado, apesar de já estar sendo contestado pela facilidade de manipulação dos dados, é da primeira pesquisa na Internet, feita pela Folha online, para que que o internauta escolha o candidato do governo.
A votação começou sexta-feira e, até o final da tarde de ontem, o resultado era de 1.410 votos para Serra e 1.387 para Jereissati.
Segundo o site, a pesquisa foi proposta após Tasso desafiar Serra a "sair da toca e correr atrás", caso estivesse interessado em concorrer à Presidência. Eles são os mais fortes candidatos tucanos à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
Para o empresário Cildemac Marques, proprietário do provedor Sagres, as enquetes realizadas pela Internet não são confiáveis. "É perfeitamente possível burlar os dados da pesquisa", disse. Segundo ele, os dados ficam armazenados no computador do site e podem ser modificados facilmente, como se muda uma letra ou palavra em um programas usados para redigir textos.
"O problema maior é que não existe regulamento ou critério para dados que são veiculados pela Internet", disse.
Outro problema nesse tipo de votação é que até mesmo internautas de outros partidos poderiam votar e distorcer os resultados da pesquisa. Além disso, uma mesma pessoa poderia votar várias vezes. Mas, segundo a Folhaonline é praticamente impossível que isso aconteça, uma vez que o site possui um sistema que detecta o computador que já participou da enquete, impossibilitando-o de realizar novas votações. Eles alegam ainda que a enquete é feita apenas para manifestar a opinião do internauta e não tem caráter de pesquisa científica.
Porém, imagine um indivíduo que trabalhe em uma empresa com 40 computadores ligados à Internet. São 39 oportunidades a mais para que sua opinião prevaleça.
O internauta e economista Roberto Wagner Mendonça, 30 anos, alegou que a pesquisa é abusiva por não oferecer opção. "Como escolher entre um ou outro? Isso é uma pesquisa? Caso positivo, então esta é dirigida", questionou ontem na lista de discussão da pesquisa no próprio site.
Tasso diz que CPI é para prejudicá-lo
O governador Tasso Jereissati (PSDB) disse ontem que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banco do Estado do Ceará (BEC) está sendo criada para tentar inviabilizar sua candidatura à Presidência da República. Tasso lançou sua candidatura na semana passada. A CPI está sendo instalada na Assembléia cearense com o objetivo de apurar supostas irregularidades no banco, no período de 1995 a 1998, correspondente ao segundo mandato de Tasso.
Pratini de Moraes quer ser candidato
O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, disse que está à disposição do PPB para se candidatar a presidente. Apesar de não assumir publicamente, a disposição de disputar o cargo, Pratini disse que pode ser chamado de pré-candidato. Segundo ele, seu nome foi lançado em 15 estados, dentre eles, Rio Grande do Sul, Ceará, Pernambuco, Santa Catarina e DF. "Eu não me considero candidato, mas, se isto for colocado pelo partido, eu encaro", afirmou.
PPS de Ciro acha difícil chapa única
A dificuldade do PT em apoiar um candidato que não seja do partido é o principal obstáculo à formação de uma chapa única de oposição, avalia o senador Roberto Freire (PPS-PE). Segundo Freire, presidente nacional do partido e coordenador da campanha do ex-ministro Ciro Gomes à Presidência da República, a proposta do presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva - de unidade das oposições já no primeiro turno -, não é inviável, mas difícil.
Maluf depõe na Polícia Federal
O ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) depôs ontem, na sede da Polícia Federal, em São Paulo, em quatro inquéritos abertos a pedido do próprio Maluf para apurar crimes eleitorais. Dois referem-se a invasões que teriam sido feitas por piratas de informática na página dele, um terceiro apura a depredação de propaganda da campanha e o quarto averigua estelionato, em que desconhecido que se fazia passar pelo filho de Maluf com o objetivo de arrecadar dinheiro.
Quércia será ouvido hoje na PF
O depoimento que o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) deveria prestar ontem às 16h na Polícia Federal em São Paulo, foi adiado para às 9h de hoje. O advogado de Quércia alegou compromissos do ex-governador. Quércia foi intimado para depor no mesmo inquérito em que está indiciado o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), que apura suposto esquema envolvendo um grupo de empresas que teria feito doações para campanhas eleitorais em São Paulo.
Genoíno disputa governo paulista
O deputado José Genoíno venceu a prévia realizada domingo pelo PT e vai concorrer ao governo de São Paulo. Genoíno admitiu ontem que as denúncias sobre o envolvimento de petistas gaúchos num esquema de proteção ao jogo do bicho, causaram um desgaste dentro do partido. "Que episódios como estes produzem desgastes, isso é óbvio, mas não vamos esconder o sol com a peneira", afirmou.
Combate à tortura ganha campanha
Movimento permanente será lançado amanhã e inclui uma central telefônica de denúncias.
A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos do Ministério da Justiça lança amanhã, uma campanha permanente de combate à tortura. O movimento incluirá a instalação de uma central telefônica de denúncias, o SOS Tortura, e a veiculação, na mídia nacional, de mensagens de conscientização da população.
O objetivo da campanha é banir a tortura em todos os seus aspectos físicos e psicológicos do aparelhamento policial do estado – delegacias, núcleos de custódia, quartéis, instituições prisionais e outros. Para isso é necessária a colaboração da população, sem a qual dificilmente os casos chegam ao conhecimento das autoridades que podem coibi-la.
A campanha colocará à disposição da população o telefone 0800-7075551 para ligações e denúncias gratuitas. O SOS Tortura funcionará de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. A identidade do denunciante será mantida em absoluto sigilo e ele receberá um número de identificação do caso relatado para acompanhar o processo de investigação.
A central nacional do SOS Tortura, localizada em Brasília, será operada pela Organização Não-Governamental Movimento Nacional dos Direitos Humanos. A estrutura de funcionamento contará com 25 canais de monitoramanto distribuídas em todas as regiões do País, que farão o controle e a fiscalização das ocorrências. Constatada a fidedignidade das informações, elas serão encaminhadas às autoridades competentes.
Uma Comissão Especial foi criada para acompanhamento das denúncias e elaboração de sugestões de mecanismos que proporcionem maior eficácia à prevenção e repressão à prática da tortura. Essa comissão deverá se pronunciar caso haja morosidade, descaso ou emperramento das investigações, instalação de inquéritos e oferecimento de denúncias.
Desde 1997, quando foi promulgada a Lei 9.455, que define os crimes de tortura e estipula as penalidades, foram instaurados cerca de 700 inquéritos, que resultaram em 502 oferecimentos de denúncias, 45 julgamentos e 18 condenações.
Para que todos os casos de tortura sejam punidos, o secretário de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, embaixador Gilberto Sabóia, e o ministro da Justiça, José Gregori, criaram a campanha SOS Tortura. Segundo Sabóia, "a mi ssão da polícia cidadã é promover a segurança pública e proteger a sociedade, mas dentro dos limites da lei".
Artigos
Euricos demais
Eduardo Brito
Quando se fala em redução de bancadas no Congresso, a tendência de todo mundo é pensar em um plenário com algumas dúzias de euricos mirandas a menos.
Fazem-se também as contas. Já que um parlamentar federal custa em média R$ 60 mil ao Tesouro, multiplica-se esse número pelo total de vagas a se fecharem. A conclusão é óbvia: a economia decorrente é nada desprezível.
A simpatia pela tese cresce ainda mais quando se vê que as bancadas mais atingidas são as protegidas pelo patamar mínimo de oito cadeiras por unidade da Federação. São estados como Roraima e Acre, que têm deputados federais eleitos com 1.700 votos, quando em São Paulo candidatos com 80 mil ficaram de fora.
Por essas e outras, são grandes as chances de aprovação da emenda constitucional que revê a representação da Câmara. Ela já superou o primeiro obstáculo, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e vai agora para o plenário. Provavelmente encontrará maior resistência quando chegar aos deputados, mas nada de insuperável.
Uma leitura mais atenta da emenda mostra que o buraco fica mais embaixo. Realmente a super-representação dos estados menores sofre um golpe. Só que não desaparece. O novo patamar mínimo, de quatro cadeiras, ainda permite que o eleitor de Roraima tenha peso muito maior que o de São Paulo, por exemplo.
O número de deputados diminui, é verdade. Passa de 513 para 405. São 108 cadeiras a menos. Entretanto, não são todos os estados que perdem. As bancadas menores, mesmo as que não estão protegidas pelo patamar de oito cadeiras, encolhem mais. No outro extremo, a bancada paulista não cresce, pois a emenda conserva o limite máximo de 70 cadeiras, que já atingiu. Aumentam, porém, as bancadas dos demais grandes estados, como o Paraná – reduto do autor da emenda, o senador Álvaro Dias, aliás um excelente parlamentar – ou o Rio Grande do Sul.
Não seria afetado, por exemplo, o deputado Eurico Miranda. O Rio de Janeiro, que elege Eurico, também terá mais cadeiras. Idem para Minas Gerais, por onde se elegia Sérgio Naya, aquele que antecipou na Barra da Tijuca os feitos de Bin Laden em Nova York. Idem no Pará.
Traduzindo tudo isso: antes de se falar em teoria, é melhor verificar o efeito concreto de medidas que alteram a representação popular. Em vez de um Eurico Miranda, podem aparecer três. E o Ricardo Teixeira de quebra.
Em tempo: a emenda que mexe na Câmara abriria caminho para outra, que atinge o Senado e também começou a tramitar. Cada unidade da Federação passaria a eleger dois senadores, em vez de três. Pode parecer válido o mesmo princípio. Não é. O Senado existe para representar a Federação. A voz e o voto dos senadores impedem a prevalência dos grandes Estados sobre os menores. Se dependesse de São Paulo, por exemplo, inexistiriam incentivos fiscais para as regiões mais pobres. Aliás, medidas contra as desigualdades regionais estão minguando cada vez mais, na proporção direta da presença de ministros do Sudeste no governo.
Colunistas
Claudio Humberto
Maciel descarta anistia
O secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, descarta anistia fiscal a brasileiros que repatriem os US$100 bilhões depositados em paraísos fiscais, sem contar EUA e Europa. Ele acha a estimativa exagerada. A anistia é defendida por setores que se dizem preocupados com os US$ 42 bilhões que o País terá que pagar, em 2002. Para Maciel, a anistia é pior que lavagem: “Esse dinheiro seria produto do esgoto”, diz.
Ligações suspeitas
O Ministério Público Federal investiga a possível ligação do primeiro-filho Paulo Henrique Cardoso com os fornecedores, à Infraero, de “pontes de embarque de passageiros” nos aeroportos. Pelo sim, pelo não, a Infraero comprou mais nove à Team Tecnologia Europea Aplicada Al Movimiento SL, para o Aeroporto Internacional de São Paulo, por US$ 2,8 milhões.
Lista da alegria
Faz a alegria dos adversários da presidenciável Roseana Sarney a lista dos financiadores de sua última campanha. Há pelo menos uma dezena de empreiteiras. Oficialmente, as mais generosas foram a Coesa Engenharia (R$ 300 mil) e Andrade Gutierrez (R$ 200 mil). Oficialmente.
Conversa fiada
O ministro Pratini de Morais (Agricultura) agora é candidato dele mesmo a presidente, pelo PPB. Mas a assessores revelou a sua jogada: virar vice do candidato tucano, em 2002.
Pensando bem...
...a Vigilância Sanitária deveria isolar o Congresso, infestado de pilantraz.
Pé no passado
O ministro Pedro Malan demitiu o assessor parlamentar, Hugo Braga, depois que esta coluna revelou há dez dias o seu envolvimento com o lobista Alexandre dos Santos, que até pagava seu motorista. Era o pé de Malan no passado: Braga foi assessor parlamentar do ex-ministro Mário Andreazza, no regime militar, e também do ex-presidente José Sarney.
Tudo bem lá fora
FhC continua fazendo sucesso no exterior. Seu discurso em Madri, há dias, encantou a mídia e até o ex-presidente do governo espanhol, Felipe Gonzáles. O líder socialista chegou a dizer que o discurso de FhC – num espanhol escorreito – foi “o melhor de todos”, na cúpula madrilena.
Repouso em NY
O governador do Paraná, Jaime Lerner, está tão convencido de que amanhã será realizado o leilão da estatal de energia Copel, apesar das pendências judiciais, que até já arrumou as malas: viaja quinta-feira para Nova York. Vai rever a filha e descansar a mufa. Será a sua enésima viagem internacional. Nem ele sabe quantas vezes passeou lá fora.
O santo não merece
Projeto do deputado Salvador Zimbaldi (PSDB-SP) proclama São Tomás Mourão “patrono dos governantes e políticos brasileiros”. Na encíclica papal que o reconhece santo, Tomás Mourão é citado como “homem guiado pela verdade, honesto, administrador avesso ao nepotismo, pai de família exemplar” etc. Zimbaldi corre o risco de ser excomungado.
Calor no Czar
Pedro Parente, o Czar das Trevas, deveria ser obrigado a passar alguns dias em Cuiabá, sempre que repetir a lengalenga de “desligar ventiladores e aparelhos de ar-condicionado”. Nos últimos dias têm sido registradas temperaturas de até 47 graus na cidade, ao meio-dia.
O nosso Konrad
Roberto Abdenur, embaixador em Berlim, aguarda em Brasília a sabatina para assumir Viena. Deveriam perguntar a ele por que pagamos US$ 140 mil mensais pelo aluguel da embaixada na Alemanha, e por que os industriais de lá o chamam de “Abedenauer”, após aumentarem as exportações para o Brasil em 300%. Não deveria ser o contrário?
Mau exemplo
Uma testemunha-chave deixou mal o senador Roberto Requião, que ajudou o sobrinho a fugir do local do acidente que matou duas jovens, em Curitiba. O taxista Izaías Caetano Bezerra, que viu tudo, garante: havia uísque no Ford Explorer desgovernado e todos estavam bêbados, incluindo quem o dirigia: João José de Arruda Jr., o sobrinho ilustre.
Inocente
O Superior Tribunal de Justiça inocentou João Alves Filho, por absoluta falta de provas, no processo movido pelo ministério público do Paraná por “grave lesão” ao antigo Banestado (hoje Itaú). No final, lesionada saiu a reputação do ex-governador de Sergipe, acusado sem provas.
Direitos desumanos
O deputado Luciano Bivar (PSL-PE) denunciou na III Conferência Ibero-Americana de Ministros da Infância e da Juventude, em Lima, o “literal seqüestro” de Anabel Soneira, retida em Cuba, com depressão profunda. Citou a declaração dos direitos humanos, insuficiente para reunir no Recife a adolescente, a mãe Leticia, e o pai, médico Miguel Soneira.
Alô, Detran
Um louco ao volante de uma BMW preta, placa JTD 8979, fez tudo o que pôde para causar um acidente de graves proporções, no final da tarde de domingo, no Lago Sul. Exibindo-se, o celerado ultrapassou pelo acostamento, costurou, fechou, provocou, fez o diabo. E continua solto.
Poder sem pudor
Ovômetro preciso
Antônio Britto – que depois seria porta-voz de Tancredo e governador do Rio Grande do Sul – chefiava a redação da TV Globo em Brasília quando o candidato do PDS a presidente, Paulo Maluf, foi hostilizado durante visita a Sergipe. Ligou para o colega Wilson Ibiapina, que cobria Maluf:
– Objetivamente, qual a proporção precisa das manifestações?
Ibiapina matou a curiosidade com uma frase curta e grossa:
– Abaixo de uma dúzia de ovos.
E desligaram os telefones.
Editorial
Problema de todos
O drama vivido por professores do Distrito Federal ameaçados por alunos já rendeu muitos filmes de cinema norte-americano, mas não tem nenhum glamour. Ao contrário, é uma das faces mais preocupantes da violência que se alastra pela sociedade impulsionada pela falta de respeito que nasce da ausência de perspectivas de uma juventude que vê pouca saídas para ascensão social.
Não é, como pode parecer à primeira vista, um problema policial. A sociedade tem o dever de participar da busca por uma solução que integre esses jovens que muitas vezes não têm uma formação familiar para apoiá-los e ajudá-los a escolher um caminho alternativo.
Ao governo cabe dar condições de trabalho aos professores para que eles não desistam da carreira para se tornarem agentes penitenciários, como mostrou reportagem do Jornal de Brasília no último domingo. Cabe dar meios aos policiais que formam o Batalhão Escolar para que possam garantir a segurança de professores e alunos interessados em estudar.
Mas o governo não pode ser responsabilizado por situação social que vai além de seus poderes e obrigações. É na formação moral dos jovens que se poderá sentir a força do trabalho de toda a sociedade.
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10/30/2001
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