SERRA: PREÇO DE REMÉDIOS É TEMA MUNDIAL



O ministro da Saúde, José Serra, garantiu que os preços dos medicamos são tema em debate em todo o mundo. "Foi um dos principais temas da campanha eleitoral dos Estados Unidos, porque Bush e Gore têm posições diferentes sobre o assunto - e foi o principal tema da senadora eleita por Nova York Hillary Clinton", disse Serra, em resposta ao senador Jefferson Péres (PDT-AM), na audiência pública da Comissão de Assuntos Econômicos sobre medicamentos genéricos.

Jefferson Peres perguntou ao ministro José Serra, sobre os preços dos remédios que, nos últimos 10 anos, tiveram aumentos reais médios de 135%. O senador quis saber se este aumento de preços é uma tendência mundial, já que os laboratórios são multinacionais de atuação "em escala planetária".

Segundo o ministro, os preços caíram no período imediatamente posterior ao Plano Real, mas voltaram a subir e chegaram a um nível insuportável em 1999. "Com as pressões do governo, a importação de genéricos, a partir deste ano, a tendência tornou-se descendente", informou o ministro. De acordo com Serra, a tendência de aumento de preços dos últimos anos é mundial.

O ministro lembrou que o mercado de medicamentos tem características peculiares, já que, com o aumento dos preços, a demanda não cai na mesma proporção. Lembrou que há no país 55 mil farmácias, número excessivo - "Em relação à população e ao tamanho do país, não deveria haver mais de 25 mil estabelecimentos deste tipo", disse. O ministro ressaltou que muitas drogarias operam com vendas paralelas, já que 20 mil delas apresentam faturamento mensal irrisório, inferior a R$ 10 mil.

O ministro afirmou que, para diminuir os preços dos remédios, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei que permite reduzir a cobrança de impostos (PIS e Cofins) sobre os medicamentos. A redução prevista no projeto, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e agora tramita no Senado, pode chegar a 10%, informou Serra.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) indagou em que sentido o aumento da concorrência, com um maior número de farmácias, preocupa o governo. O ministro respondeu que, no caso das farmácias, a pulverização do varejo é contrária à concorrência. Segundo ele, do ponto de vista econômico, é inviável a proliferação de drogarias, além de favorecer a venda de remédios falsos e roubados.

Suplicy lembrou que a importação de genéricos poderia criar dificuldades na balança comercial. O ministro da Saúde respondeu que a importação de medicamentos genéricos é insignificante, cerca de 3% do total da oferta. Lembrou também que as medidas do Ministério da Saúde não reduzem alíquotas ou aumentam importações - apenas diminuem a burocracia.

12/12/2000

Agência Senado


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