Sibá lembra o massacre de sem-terra no Pará, há dez anos



O senador Sibá Machado (PT-AC) registrou nesta segunda-feira (17), em Plenário, os dez anos do chamado Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido no estado do Pará em 17 de abril de 1996. O senador lembrou que famílias de trabalhadores rurais sem terra acampavam às margens da rodovia PA-170 quando "foram cercadas por 155 policiais militares". Da ação policial, promovida na gestão de Almir Gabriel (PSDB) no governo do estado, frisou Sibá, restaram 19 trabalhadores rurais mortos e cerca de 51 feridos. De acordo com o senador, os cerca de 1.500 manifestantes apenas protestavam contra a demora do governo federal no assentamento de famílias.

- Para os policiais, aqueles trabalhadores deixaram de ser gente, tornaram-se menos que animais. Dos 19 mortos, cerca de dez foram acertados com tiros na nuca e na cabeça, outros foram retalhadas a golpes de foice, outros esmagados, braços arrancados, pernas mutiladas, entranhas e sangue pelo chão na estrada de terra. Essa é a forma como as elites rurais tratam os trabalhadores que apenas almejam um pedaço de terra para plantar - afirmou o senador.

Sibá informou que três julgamentos já foram realizados para punir os comandantes da operação policial. Entretanto, sublinhou o senador, os dois principais comandantes (major José Maria Pereira de Oliveira e coronel Mário Colares Pantoja)aguardam em liberdade o julgamento de recursos.

- Algumas vezes, sob o manto do agronegócio, o latifúndio sobrevive, supostamente mais moderno, avançado e desenvolvido, mas a realidade é outra: pouquíssimas famílias, menos de 20 mil, são donas de quase metade do país - lamentou Sibá.

Ele expôs dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que demonstram que apenas 2,6% dos estabelecimentos rurais concentram 43,7% da área agricultável do Brasil. Sibá concluiu o discurso garantindo que o governo Luiz Inácio Lula da Silva tem se empenhado para promover a reforma agrária no país. 

17/04/2006

Agência Senado


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