Sibá Machado adverte para risco de internacionalização



A internacionalização da Amazônia e a falta de um modelo de desenvolvimento adequado para a região foram temas destacados, nesta sexta-feira (21), em Plenário, pelo senador Sibá Machado (PT-AC). Ele disse que a internacionalização já está ocorrendo e citou os projetos de investidores estrangeiros, norte-americanos e japoneses principalmente, que teriam provocado a sangria dos recursos naturais do território amazônico.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS), em aparte, reforçou a importância da preocupação de Sibá. Disse que os planos do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, incluem a internacionalização da Amazônia e lembrou já ter mostrado em Plenário mapa que circula nas universidades dos EUA com a região fora do controle brasileiro.

Siba alertou para a possibilidade de os americanos se voltarem para essa questão quando as reservas de água passarem a ser um problema mais importante que o fornecimento de petróleo. E que poucos países ficarão do lado do Brasil quando isso ocorrer. A Amazônia, como lembrou, possui a maior reserva de água doce do Planeta (12% do total), e a sua oferta está sendo avaliada pelos estrategistas como uma das grandes questões do século 21.

O senador Valdir Raupp (PMDB-RO), também em aparte, afirmou que os EUA estão vigiando mais a Amazônia que o Brasil, e pediu maior atenção do Senado à questão da internacionalização da região.

Desenvolvimento

Sibá defendeu um novo pacto amazônico que mude o modelo de desenvolvimento para a região. Disse que a estratégia dos governos passados foi contrária à floresta, que ocupa 65% dos 5,029 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia.

Ele traçou um quadro dos problemas da região, como o narcotráfico, a biopirataria e o contrabando de animais silvestres. Listou entre suas propostas uma política florestal que determine que 100% da extração, industrialização, circulação e comercialização de produtos florestais sejam de áreas com manejo adequado e com madeira certificada. Propôs ainda a criação de uma Zona Franca de Produtos Florestais Manejados.

O senador João Capiberibe (PSB-AP), em aparte, concordou com a revisão do modelo e a prioridade ao manejo das florestas da região. Exemplificou com o elevado valor das resinas extraídas de espécies nativas, que alcançam preços cinco a seis vezes mais altos que qualquer outra atividade agrícola desenvolvida no território amazônico, como a soja e a pecuária.

Raupp, por sua vez, chamou a atenção para as diferenças existentes entre as vocações dos vários estados da região. Disse que Rondônia não pode seguir o modelo extrativista adotado pelo Acre ou de produção eletroeletrônica do Amazonas, com a Zona Franca de Manaus. A vocação do seu Estado, observou, é agroindustrial, com 56 laticínios e 90 mil pequenos produtores rurais que atuam na pecuária leiteira e plantam vários produtos agrícolas, entre eles café. O senador pediu que o Senado reverta a medida provisória do governo Fernando Henrique Cardoso que ampliou a área de reserva ambiental nas propriedades de 50% para 80%.




21/03/2003

Agência Senado


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