Silvio Pereira defende o presidente Lula



Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos nesta quarta-feira (10), o ex-secretário-geral do PT isentou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de culpa pelos fatos denunciados nos últimos tempos, afirmando que o chefe da Nação desconhecia atos de corrupção e qualificando Lula como um grande líder.

Apesar de reconhecer à CPI dos Bingos ter concedido entrevista ao jornal O Globo - na qual teria declarado que o empresário Marcos Valério pretendia faturar R$ 1 bilhão com o PT no governo -, Silvio Pereira surpreendeu a todos, afirmando que "não sabia distinguir o que era verdadeiro ou falso" com relação ao teor da entrevista que durou cerca de oito horas.

- Tem coisas que lembro e outras, não. Não sei nem se me arrependo de ter dado a entrevista, a qual nem mesmo cheguei a ler na íntegra - salientou Silvio Pereira, ao afirmar que, atualmente, "daria tudo para ficar longe da política".

O ex-sindicalista negou que tenha afirmado na entrevista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ex-deputados José Dirceu e José Genoíno e o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) "mandavam no partido", quando se referiu ao plano de Marcos Valério de arrecadar R$ 1 bilhão com o PT no governo. Segundo Silvio, a referência era no sentido de eles "serem os quatro principais líderes que conduziram a política e a história do partido". Mas afirmou que nunca tentou qualificá-los de "quadrilheiros".

Silvio Pereira compareceu à CPI a contragosto, após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter recusado habeas corpus impetrado por ele para não depor. Seus advogados chegaram a apresentar ao STF atestado médico afirmando que Sílvio estava emocionalmente perturbado e que, portanto, segundo eles, o depoimento do ex-dirigente petista poderia ficar comprometido.

Apesar de o senador José Agripino (PFL-RN) ter sugerido à presidência da CPI que providenciasse junto às autoridades garantias de vida a Silvio Pereira para que ele contasse tudo o que sabia perante a comissão, o ex-secretário-geral do PT não mudou o rumo de seu depoimento. Ele chegou, inclusive, a negar afirmações atribuídas a ele de que Marcos Valério tinha acesso irrestrito à cúpula do PT. Disse ainda não ter conhecimento de que Paulo Okamotto tenha saldado contas do presidente Lula ou da filha do presidente, Lurian Cordeiro. Negou também que o governo tenha enviado emissários "para que ele se calasse perante a CPI".

Silvio Pereira disse que não tinha nada contra pessoas do PT, mas sim contra o que ocorreu com ele e lamentou ter ficado praticamente abandonado depois do estouro do escândalo do valerioduto.

- Retiraram a minha foto da história do partido - resumiu, ao deixar claro que jamais foi o responsável pelas finanças da agremiação.

Ele reconheceu, no entanto, que houve "outras pessoas ligadas ao PT" que fizeram parte do escândalo e que, segundo ele, devem pagar por seus atos. Mas não quis revelar os nomes dessas pessoas.

Vários senadores, a exemplo de Heloísa Helena (PSOL-AL), disseram não acreditar que apenas Silvio Pereira e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares tenham sido os idealizadores do plano de arrecadação de recursos ilegais para o partido e pagamento do chamado mensalão a parlamentares da base aliada.

O depoimento de Silvio Pereira foi acompanhado por uma junta médica convocada pelo presidente da CPI para garantir atendimento de emergência ao depoente, se necessário.



10/05/2006

Agência Senado


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