Silvio Pereira responsabiliza direção do PT por esquema de corrupção



O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira afirmou, ao final de seu depoimento à CPI dos Bingos, nesta quarta-feira (10), que a responsabilidade pelo envolvimento da agremiação com o publicitário mineiro Marcos Valério de Souza foi de toda a direção do partido, e não apenas dele ou do ex-tesoureiro, Delúbio Soares. Ele admitiu que Delúbio tinha o "controle absoluto" sobre as finanças, mas disse acreditar que a Executiva deveria ter cobrado dele detalhes sobre as operações que estava desenvolvendo em seu nome.

- Eu são tão responsável quanto os 21 membros da Executiva. A direção do PT sabia que Delúbio estava buscando empréstimos na rede bancária. Sabíamos que havia dívidas, mas ninguém nunca cobrou um orçamento, um balanço - acusou.

Na entrevista publicada no último fim-de-semana no jornal O Globo, Pereira citou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente do PT, José Genoino (SP), o ex-ministro e ex-deputado José Dirceu e o senador Aloizio Mercadante (SP) como os nomes fortes do partido.

No depoimento, ele não confirmou essas declarações nem explicou se estava se referindo à importância dessas personalidades para a organização ou à sua participação no plano de Valério, que, segundo Pereira, pretenderia arrecadar R$ 1 bilhão em negócios com o governo.

No entanto, o ex-secretário não desmentiu a jornalista Soraia Agege, responsável pela entrevista.

- Acredito que tudo o que a jornalista publicou foi dito por mim, mas não sei se o que eu disse é verdade. Se houve alguma distorção, foi na minha cabeça - disse ele.

O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Moraes (PFL-PB), disse não acreditar que Silvio Pereira esteja passando por um período de desequilíbrio mental, como argumentaram seus advogados, para tentar impedir seu depoimento. Prova disso, para o senador, é que, ao final da tarde, "seu desempenho passou a ser extraordinário".

A certa altura da oitiva, irritado por Pereira se negar a responder às perguntas dos senadores, alegando que não se lembrava do que havia dito à jornalista do Globo e que não havia lido o que foi publicado pelo jornal, o presidente do colegiado resolveu fazer a leitura da matéria.

- Eu não acredito que ele realmente não tivesse lido, mas, se eu não tivesse feito isso, poderíamos ter tido um depoimento vazio. No fim das contas, ele acabou confirmando a entrevista - comentou Efraim.

O depoimento de Pereira durou cerca de seis horas e meia. Ao final, o presidente Efraim convocou reunião administrativa para a próxima terça-feira (16), ocasião em que serão votados diversos requerimentos. O presidente também informou que convidará a jornalista Soraia Agege, de O Globo, para prestar esclarecimentos sobre a entrevista.

10/05/2006

Agência Senado


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