Simon acena em favor de consenso para divisão dos 'royalties' e critica privilégio dado a empresas



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) acenou, em Plenário, nesta quarta-feira (7), em favor de um consenso entre os interesses de estados produtores e não produtores de petróleo, na discussão sobre a partilha dos royalties. Para ele, a chamada "Emenda Ibsen" ao PLS 16/10, apesar de provocar protestos dos estados produtores, que perderiam receita, tem o mérito colocar em discussão uma reforma tributária.

O senador gaúcho protestou contra a inclusão, no texto que veio da Câmara dos Deputados, de emenda que concederia privilégio tributário às empresas exploradoras de petróleo. Pelo texto, se assegurado o volume de produção, as petroleiras receberiam de volta, da União, os royalties que tivessem pago pela exploração de petróleo.

- De repente, não mais do que de repente, senador Francisco Dornelles, o relator [deputado Henrique Alves] apresenta uma emenda ao projeto do Executivo, e dizendo o quê? Assegurado o volume em óleo, os valores pagos a título de royalty, as multinacionais vão receber o que pagaram. Isso significa 15 bilhões. Para que essa restituição? O que é isso? De onde veio isso? De onde saiu essa emenda que o relator apresentou e que foi aprovada no tumulto do debate sem se discutir, sem se analisar? - protestou.

O senador pelo Rio Grande do Sul também explicou sua própria emenda, que assegura o ressarcimento da União aos estados produtores. O texto de Simon, porém, que não modifica a Emenda Ibsen - que retira receita dos entes produtores, ao vincular o pagamento de royalties, mesmo de contratos em vigor, aos critérios dos Fundos de Participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM).

Ele lembrou também que, na ocasião da votação da Lei Kandir (Lei Complementar 87/96), o estado do Rio Grande do Sul foi vítima de perda de receita tão grande quanto a que agora poderia acontecer com o Rio de Janeiro e com o Espírito Santo. Mas disse confiar na capacidade do relator do PLS 16/10, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), em chegar a um texto equilibrado, com base no diálogo.

"Paraíso fiscal"

Quanto à crítica direcionada à emenda que beneficia as empresas, Simon teve apoio do senador Francisco Dornelles (PR-RJ). Em seu aparte, Dornelles reiterou o entendimento de que, da forma como está, o sistema de partilha é um "verdadeiro paraíso fiscal" para as empresas empresas petrolíferas, pois o bônus de assinatura cobrado pela União no sistema atual passa a ser fixo, independentemente do risco corrido pela empresa. Além disso, União, estados e municípios deixam de receber a chamada "participação especial". E a União receberá a sua parte em petróleo, que não está sujeito a pagamento de impostos e, portanto, também não será repartido com estados e municípios.

Dornelles também afirmou que sua própria emenda - apresentada em conjunto com o senador Renato Casagrande (PSB-ES) - é "prima" daquela oferecida por Simon. O texto de Dornelles e Casagrande aumenta a participação dos estados e municípios não produtores, sem tirar royalties dos produtores. Em aparte, Casagrande defendeu sua emenda.

Eleições

Já o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), embora disse reconhecer as habilidades de Renan como negociador, fez um alerta sobre a possibilidade de se construir acordo para votar os "royalties" em novo projeto após as eleições, e o acordo não ser cumprido, chamando a manobra de "você não pode me convidar para o meu enterro".

Ao final de seu discurso, Simon elogiou a postura do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), que teria vindo ao Senado discutir sua emenda antes da votação na Câmara. Ibsen a teria denominado de um "início de discussão". Simon propôs que o entendimento no Senado seja levado à Câmara para que seja consolidado também naquela Casa.



07/04/2010

Agência Senado


Artigos Relacionados


Em busca de consenso, quatro senadores assinam projeto com novo critério para divisão dos 'royalties'

Simon critica governo por tratamento dado à Varig

Marinor é a favor de plebiscito, mas contra a divisão do Pará

EDUARDO SUPLICY CRITICA PRIVILÉGIO NA PREVIDÊNCIA

ANP defende transição de dez anos para divisão dos royalties do petróleo

CAE marca audiência para debater divisão dos royalties do petróleo e do gás