Simon apoia criação da Rede, de Marina Silva, e se diz inconformado com possível decisão contrária do TSE
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) manifestou inconformismo diante da possibilidade de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negar registro para a Rede Sustentabilidade, o partido liderado pela ex-senadora Marina Silva, cujo processo será julgado na próxima semana. Em discurso no Plenário, nesta sexta-feira (27), ele lembrou o país conta com mais de 30 partidos, a maioria sem base ideológica ou filosófica, sendo que alguns dos mais recentes tiveram sua criação estimulada pelo governo como forma de ampliar a base de apoio para a campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
- Vai ser muito engraçado alguém fazer a análise dos atuais partidos, analisar a história de cada um e chegar no [partido] da Marina e dizer: esse não pode, pois envergonharia a política brasileira - ironizou.
Simon salientou que há sinais de boicote na validação das assinaturas de apoio à criação do partido de Marina Silva. Observou que isso aconteceu, por exemplo, em cartórios da região do ABC, em São Paulo, base política do PT e do ex-presidente Lula. Simon revelou que chegaram a ser recusadas as assinaturas de um deputado, sua esposa e uma filha. Simon assinalou que não pretende deixar o PMDB e que não tem interesse pessoal no projeto da ex-senadora. Porém, disse nutrir grande admiração por Marina Silva e que se sente condoído com a situação que ela enfrenta, o que lhe “machuca a alma”.
- De repente, nesta época, nós temos uma ré condenada, a [ex] senadora Marina. Eu até me sentiria honrado de ser condenado com ela a ser absolvido com os outros – afirmou Simon.
A “absolvição” mencionada foi em referência ao fato dos demais partidos terem conseguido seus registros, entre os quais a legenda do deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Solidariedade, além de outro que - conforme Simon - teria entre seus organizadores empresários do ramo frigorífico de Mato Grosso.
O senador chegou a lembrar que a documentação de alguns desses partidos apresentavam irregularidades, mas na análise o TSE considerou que foram problemas pontuais, sem capacidade para comprometer o conjunto dos requisitos para a formalização.
Simon chegou a ler em Plenário o artigo de Marina publicado nesta sexta, na imprensa, em que ela fala de seus sentimentos às vésperas do julgamento e reafirma os valores éticos que orientam seu partido. De acordo com o senador, o texto "poético" confirma que ela é uma “mulher excepcional”. Lembrou que nunca imaginou que Marina conseguiria chegar aos 20 milhões de votos que obteve na última eleição presidencial. Hoje, conforme assinalou, ela vem sendo apontada como “fator determinante” no próximo pleito. A seu ver, por esse motivo tem muita gente de “olho arregalado secando a decisão” a respeito de seu partido.
- Ela faz questão de dizer que não tem plano B. Vários partidos estão oferecendo para ela legenda: vem para cá, vem para cá, vem para cá... Havia até um movimento de três legendas se reunirem para ela ser candidata. Ela disse que não. Marina é candidata pelo partido dela. Se não aprovar, ela não será candidata - observou Simon.
Simon aproveitou para mencionar medidas adotadas pelo Poder Judiciário, desde a absolvição do ex-presidente e atual senador Fernado Collor (PTB-AL) à decisão que garantiu aos réus do processo do Mensalão um novo julgamento, para mostrar como o Judiciário muitas vezes se distancia do sentimento das ruas. Segundo ele, os tribunais não podem decidir por pressão quando sociedade vai às ruas “dizer qualquer coisa”. Porém, noutras vezes a sociedade vai às ruas para “fazer o que tem fazer”.
27/09/2013
Agência Senado
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