Simon classifica Tancredo Neves como mártir brasileiro



"O Brasil tem dois mártires que nasceram em São João Del Rei e morreram em um dia 21 de abril: Tiradentes e Tancredo Neves", declarou o senador Pedro Simon (PMDB-RS) durante sessão do Congresso Nacional que homenageou Tancredo pelo centenário de seu nascimento. O senador gaúcho comparou que da mesma forma que Tiradentes foi esquartejado após travar uma luta solitária em busca da liberdade, Tancredo teve seu corpo cortado nas sete cirurgias às quais se submeteu em virtude de ter adiado o tratamento que poderia ter salvado sua vida. Para devolver a democracia ao Brasil, ele sacrificou a própria vida, disse o senador.

Até a vitória no Colégio Eleitoral, lembrou Pedro Simon, a luta e a resistência foram grandes durante os anos de chumbo da ditadura militar. O senador lembrou que até dentro do movimento que combatia os militares havia dissidência. Uma turma trabalhava para democraticamente devolver a normalidade política ao Brasil; outros investiam na guerrilha e na luta armada.

- Foi um longo período dramático e cruel que parecia que ia durar a vida inteira. Nós, da resistência, éramos ridicularizados inclusive por muita gente ilustre e importante e por grandes líderes. Olhavam para nós e diziam: 'Coitados desses jovens, lutando contra um regime militar forte que elege um presidente ditador após o outro, com o apoio da Igreja, da grande imprensa, da burguesia, do empresariado e da classe média' - lembrou Pedro Simon.

Depois de patrocinar duas anticandidaturas à Presidência da República, no Colégio Eleitoral, o então MDB conquistou o apoio dos jovens e levou para as ruas o desejo que o país tinha de acabar com a ditadura. Pedro Simon falou sobre a campanha "Diretas Já", que teve Tancredo Neves como um dos protagonistas, ao lado de Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela e Franco Montoro. O senador lembrou que o governo militar ameaçou fechar o Congresso se a proposta de emenda à Constituição que restabelecia as eleições diretas para a Presidência da República fosse aprovada. Ela não passou por poucos votos.

Pedro Simon disse que a candidatura de Tancredo Neves como representante do movimento democrático na eleição para presidente no âmbito do Colégio Eleitoral foi a mais natural. Ele observou que se o pleito fosse através do voto livre e universal, o candidato seria Ulysses. Outra opção para disputar a Presidência no Colégio Eleitoral seria Franco Montoro, observou Simon, mas o próprio Montoro foi a Minas anunciar o nome de Tancredo.

A eleição no Colégio Eleitoral, a internação hospitalar na véspera da posse e a doença que ceifou a vida de Tancredo foram, na avaliação de Simon, "uma epopéia". O senador lembrou que no hospital a preocupação do político mineiro era a de que o então presidente João Baptista Figueiredo não desse posse ao vice-presidente eleito, José Sarney.



03/03/2010

Agência Senado


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