Simon: 'Cometerão suicídio político'
Simon: 'Cometerão suicídio político'
Propõe 'Dia do Fico' para que o grupo de dissidentes do PMDB seja motivado a permanecer no partido
O senador Pedro Simon, do PMDB, apelou ontem para que o grupo de dissidentes integrado pelos deputados Nelson Proença, Berfran Rosado, Cézar Busatto, Elmar Schneider, Iara Wortmann, Mário Bernd, pela vereadora Clênia Maranhão e pelo ex-governador Antônio Britto permaneça no partido. 'A saída não tem justificativa, é um ato de crueldade incompreensível. Peço para que todos no PMDB se dêem as mãos', disse. Simon argumentou que os parlamentares 'cometerão suicídio político' ao optarem por outro partido depois de anos de dedicação ao PMDB.
O senador informou que a direção estadual do partido fará o 'Dia do Fico', no qual será pedida a permanência das lideranças em nome da história de lutas do PMDB. Afirmou que a militância e a base eleitoral dos parlamentares deveriam se mobilizar impedindo a saída. Simon considera que é um equívoco o grupo pensar que encontrará espaço para disputar o Palácio Piratini no próximo ano em uma frente integrada por PPS, PDT e PTB. Ele avaliou que a forma de administração do governo anterior, marcada pelas privatizações a estatais, foi duramente criticada pelos trabalhistas e pelo deputado Bernardo de Souza, do PPS, salientando ser inviável um projeto conjunto para o Rio Grande do Sul entre o grupo e esses partidos.
Segundo Simon, ainda é possível chegar ao entendimento, lembrando que o PMDB já passou por crises piores e superou todas elas. Ele acredita que os deputados estão motivados por oportunismo eleitoral que não terá o resultado previsto. 'Eles são levados a praticar um autêntico haraquiri', avaliou o senador. Sobre a sua candidatura à Presidência da República, lançada há dois anos pela bancada estadual do PMDB, disse que sofreu um 'forte baque' em função da possibilidade de saída do grupo.
Conforme ele, a dissidência vem sendo interpretada no país como uma divisão motivada pela candidatura de Ciro Gomes, do PPS. 'Avaliam que estou passando por rejeição como pré-candidato à Presidência por uma parte do PMDB do Rio Grande do Sul e é claro que isso desgasta a minha candidatura', ressaltou. O senador chamou de pretexto o argumento utilizado pelos dissidentes de que será traído pela cúpula na prévia para escolha do candidato, em janeiro. 'Falam isso, mas me abandonam antes de acontecer o que estão dizendo. Foi um tiro certeiro', salientou.
Pratini critica falta de objetivos do Piratini
O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, disse ontem, durante votação que escolheu o candidato do PPB ao governo do Estado, na Câmara Municipal de Porto Alegre, que a sociedade gaúcha está cansada do discurso destrutivo e das críticas políticas que estão impedindo o Rio Grande do Sul de alcançar o desenvolvimento. Pratini argumentou que há dificuldade em ver resultados positivos no Estado, salientando que existe falta de objetivos por parte do Piratini. 'Estamos andando para trás.
A aftosa voltou, a Ford foi mandada embora e o partido que administra ainda não disse a que veio', enfatizou. O ministro avaliou que o projeto do Executivo é transformar o Rio Grande do Sul em campo de provas ideológicas, fazendo surgir uma república socialista. 'Não podemos admitir a tentativa de criar no Estado a estrutura exótica e ultrapassada proposta pelo PT. É esse o diálogo que devemos fazer com os eleitores', ponderou.
Pratini considerou que a prévia para escolha do candidato ao governo fez o PPB se reafirmar como partido forte e com capacidade de apresentar um programa de desenvolvimento. Sobre as alianças ao Piratini, entende que ainda é cedo para as negociações com outros partidos, lembrando que as composições à Presidência se refletirão no Estado. Pratini frisou a unidade do PPB, enquanto outros partidos enfrentam fortes dissidências que poderão prejudicá-los eleitoralmente no próximo ano. O ministro reafirmou a condição de pré-candidato ao Planalto, dizendo se sentir honrado com as manifestações de integrantes do PPB. 'Estou à disposição. Não posso me furtar a um pedido do partido', ressaltou.
Bernd acredita na saída de seis deputados do partido
O deputado Mário Bernd disse ontem que até quarta-feira deverá ser oficializada a saída de pelo menos seis deputados da bancada do PMDB. Segundo ele, o grupo tem se preocupado em conquistar o entendimento da base eleitoral para a decisão que está sendo tomada. 'Queremos compreensão e, mais tarde, aceitação', destacou. Bernd garantiu que não há empenho, neste momento, em buscar novas adesões porque esse é um processo que deve se consolidar com o tempo.
Brizola aceita descartar aliança
O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, ouviu nesse final de semana dos dirigentes estaduais do partido que a aproximação com o PMDB ou com o grupo de dissidentes é praticamente inviável. O presidente regional do PDT, deputado Airton Dipp, declarou ontem que Brizola admitiu que há um distanciamento irreversível e existem grandes dificuldades de subir no mesmo palanque com peemedebistas que governaram o Estado e promoveram, entre outros fatos, uma série de privatizações que sempre foram contestadas pelos trabalhistas. 'Nossas histórias são diferentes', mencionou Brizola sábado aos líderes do PDT no Estado.
Dipp comentou que a posição de Brizola tranqüiliza a base partidária no RS, que é inteiramente contra a formação de chapa com o PMDB. 'Nós queremos mostrar a cara do partido e precisamos fazer isso através de candidatura própria em 2002', ressaltou Dipp. Brizola, que veio ao Estado no final de semana para comemorar o centenário de nascimento de Alberto Pasqualini, em Ivorá, aproveitou a oportunidade para conversar com o vereador José Fortunati. O encontro aconteceu ontem, ao meio-dia, em almoço. Foi a segunda vez que Brizola e Fortunati conversaram longamente sobre o futuro político do vereador. A primeira ocorreu no Rio de Janeiro por iniciativa do próprio Fortunati. O vereador, porém, não anunciou qualquer definição sobre a possibilidade de seu ingresso no PDT.
Investigações criminais envolvem 21 senadores
Depois do PMDB, com 24 parlamentares, a maior bancada do Senado é composta por políticos submetidos a investigações criminais no Supremo Tribunal Federal. A 'bancada dos investigados' reúne 21 senadores e os campeões são do PMDB: Roberto Requião, com nove inquéritos relativos a acusações de calúnias, Carlos Bezerra, com quatro sobre crime eleitoral, Íris Rezende e Jader Barbalho, cada um respondendo a três inquéritos.
Mardini monta a estratégia do PPB
O novo presidente do diretório municipal do PPB de Porto Alegre, Hugo Mardini, escolhido ontem com 385 votos, disse que vai começar a montar a estratégia política na Capital para as eleições do próximo ano. Mardini derrotou Caio Gracco, que fez 193 votos. Depois de eleger a executiva do partido quarta-feira, Mardini vai instalar quatro grupos de trabalho coordenados pelos vereadores de Porto Alegre. Os grupos devem estabelecer ações que busquem a expansão do PPB na região Metropolitana. Para Mardini, a vitória do partido no Estado passará necessariamente pelos grandes centros urbanos e esses devem ter atenção redobrada. O presidente licenciado do PPB estadual, Celso Bernardi, foi o vencedor da prévia em Porto Alegre. Ele fez 402 votos contra 109 do deputado federal Adolfo Fetter Júnior
PC do B
Com os votos de 160 delegados, foram eleitos no final de semana os 23 membros do comitê municipal do PC do B em Porto Alegre. O secretário de organização estadual do partido, Nelson Sales, atuará como secretário político nos próximos dois anos, cargo que equivale ao de presidente. O vereador Raul Carrion ficou na vice-presidência. Os delegados foram escolhidos em 27 assembléias de organizações de base, que reúnem filiados por região de moradia, local de trabalho, área de atividade profissional e estudantes. O PC do B tem cerca de 4,5 mil filiados na Capital
Roriz é condenado pela doação de lotes públicos
A doação de 49 lotes de terras públicas para igrejas e entidades de caridade colocou o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, em situação complicada. O juiz da 3ª Vara da Fazenda Pública, Carlos de Medeiros, condenou sexta-feira Roriz por crime de improbidade administrativa. A decisão determina como pena perda do cargo, suspensão dos direitos políticos, ressarcimento dos danos e pagamento de multa. Ele poderá recorrer da sentença.
SENADO
Artur da Távola deixa hoje a Secretaria Municipal das Culturas do Rio e assume a liderança do governo no Senado. Ele declarou ontem que retorna buscando incentivar o debate político, que 'desapareceu no Brasil'. Távola disse que no último ano a Casa passou por fatos traumáticos e a oposição atuou na linha de um 'moralismo vingador udenista'. Embora tenha perdido a maioria das votações, reconheceu o novo líder, a oposição ganhava no confronto de idéias. Para Távola, o presidente Fernando Henrique ficou muito sozinho diante das críticas permanentes dos adversários.
Turra defende definição rápida de toda a chapa
O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, coordenador da comissão que elabora o programa de governo do PPB, disse ontem que o partido deve definir, o quanto antes, toda a nominata da chapa majoritária que disputará a eleição de 2002. Segundo ele, um candidato isolado ao governo não dará a amplitude que o PPB deseja para o próximo pleito. Turra também defende o acerto imediato de possíveis alianças com outros partidos.
Artigos
CULTURA HISPÂNICA
Mainar Longhi
O governo da Espanha aprovou a concessão (post mortem) de mais uma comenda ao professor irmão Dionísio Fuertes Alvarez, que foi presidente do Instituto de Cultura Hispânica do Rio Grande do Sul e titular de Língua e de Literatura Espanholas da Faculdade de Letras da PUC-RS. A outorga será feita em sessão do Conselho Universitário dessa instituição em data ainda a ser definida.
Verifico afinidade sempre maior da cultura da Espanha com a nossa. Lamento apenas as tergiversações da Comissão de Educação da nossa Câmara dos Deputados em estabelecer a obrigatoriedade do ensino do espanhol nas escolas de ensino fundamental e médio de nossa terra.
E me entusiasma a afirmação do escritor Julían Marías de que 'a Espanha é o país europeu em que se lêem mais livros de pensamento'. Tal declaração foi feita em palestra na Real Academia de la História, em Madri, nas comemorações dos 25 anos de reinado de sua majestade, o rei dom Juan Carlos I. Ele constatou também que, para o público espanhol, continuam atuais as obras de Galdós, Clarín e da Geração de 1898.
Que afinidades culturais há entre a Espanha e o Brasil? O pluralismo ideológico, a mídia diversificada, a defesa dos direitos humanos e das minorias étnicas, sociais e culturais, o respeito crescente à natureza, o sentido estético, o sentido da festa, a valorização da família e as organizações para a solidariedade e a tolerância. A relação não é exaustiva. Importa assinalar que essas marcas de comportamento são assumidas pela juventude, segundo análises das fundações Encuentro e Santa María, ambas da capital espanhola.
É lembrado o consenso das agremiações partidárias espanholas na elaboração do texto constitucional. Sobre a imprensa, urge enfatizar o papel desempenhado pelo jornal El País, o mais lido da Espanha. Adeptos e opositores das transformações econômico-sociais encontraram nele um veículo de diálogo. É com a atual Constituição federal que se firmam na Espanha as universidades de livre iniciativa. É nos jovens que se destaca a tolerância em relação às culturas e às crenças.
Colunistas
Panorama Político/A. Burd
MUITO ATUAL
Texto escrito em 1945 por Alberto Pasqualini, o grande doutrinador do trabalhismo brasileiro, cujo centenário de nascimento ocorreu ontem: 'Se os indivíduos que ocupam os postos governamentais podem e devem, como qualquer cidadão, ter convicções políticas, o governo como tal não pode parcializar-se. Os altos cargos da administração pública não são propriedade de partidos e muitos menos de indivíduos. Pertencem ao povo e é a ele que incumbe designar, por meio do voto, quem deve exercê-los. Governo é magistratura e a sua ação não pode ser facciosa. Aqueles que se valem do poder para fins partidários e como instrumento de coação degradam a autoridade, são indignos da função que exercem e cometem uma traição contra o povo'.
NA CORRIDA
A executiva do PMDB se reúne hoje às pressas com vereadores e deputados. Será uma espécie de refilmagem do drama 'Perdas e Danos', produção franco-inglesa que fez sucesso nas telas do mundo.
MESMO TÍTULO
As duas alas do PMDB (a que fica e a que sai) preparam documentos sobre sucessão de fatos que levou à crise. Por coincidência, os títulos são os mesmos: 'Noite da Punhalada'. Um deles deverá mudar.
LARGADA
A participação de mais de 35 mil filiados nas prévias do PPB, ontem, foi claro recado das bases de que quer candidato próprio ao governo do Estado. O partido, com forte sustentação no interior do Estado a partir dos seus 174 prefeitos, está pronto para o embate eleitoral. Celso Bernardi, primeiro candidato definido ao Piratini, sustentará o discurso mais incisivo de oposição, contestando ideologicamente o atual governo.
POLIVALENTE
O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, fez roteiro, ontem, por Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Campo Bom e Nova Hartz. Nesta última, ao ser recebido por uma banda, não se intimidou: pediu emprestado o acordeon e deu o seu show.
MANDA A TRADIÇÃO
É esperado para hoje o gesto nobre de um derrotado em escolha interna: reconhecer o resultado e anunciar apoio ao vencedor na prévia do PPB ao governo do Estado.
QUER FATIA
A próxima aposta da Confederação Nacional dos Municípios é ver aprovada emenda que inclui a CPMF na base de cálculo do Fundo de Participação dos Municípios. Daria o retorno às prefeituras de 22,5% do que é arrecadado da contribuição. Calculando por baixo, representariam R$ 4,5 bilhões anuais.
MUDOU
Leonel Brizola não pressionará os trabalhistas, como em ocasiões anteriores, para formação de alianças. As bases rejeitam apoiar quem liderou as privatizações no Estado.
PRÓXIMOS
Em recente encontro com prefeitos do PDT, o vereador José Fortunati firmou convicção sobre o seu futuro partidário. A identificação, a confiança mútua e o apoio irrestrito demonstrados pelos trabalhistas fizeram o campeão de votos em Porto Alegre acreditar que não há mais barreiras para separá-lo do PDT.
INÉDITO
O advogado gaúcho Eduardo Krause é autor de 'Agências de Regulação - Conceito, Legislação e Prática', primeiro livro sobre o tema no país. O lançamento, a 8 de outubro, em São Paulo, deverá despertar interesse, sobretudo, dos usuários.
APARTES
Assembléia Legislativa votará amanhã o piso salarial de R$ 300,00 para os servidores públicos estaduais.
Todos os caminhos dos dissidentes do PMDB convergem hoje ao apartamento do deputado Proença.
Fins de semana do deputado Bernardo de Souza eram dedicados à leitura. Agora, é gincana de reuniões.
Senador José Fogaça reavalia muito sua candidatura à reeleição.
Em Alagoas, Ronaldo Lessa (PSB), Heloísa Helena (PT) e Renan Calheiros (PMDB) se unem para evitar possível eleição de Fernando Collor ao Senado.
Para entrar no PPS, há uma exigência: a abertura dos sigilos fiscal e bancário. Sem isso, nada feito.
Tempero indispensável da noite: Câmera 2, às 22h30min, TV Guaíba.
Aos que pretendem concorrer nas eleições de 2002: faltam 12 dias para troca de partido. Essa é a lei.
Nas telas da política gaúcha, esta semana, 'Guerra nas Estrelas' com efeitos especiais e astros de grandeza.
Editorial
O SENADO EM CRISE
A renúncia de Jader Barbalho do cargo de presidente do Senado, ao contrário do que se poderia esperar, não colocou fim à crise em que a instituição, de algum tempo para cá, se encontra mergulhada. No mesmo dia em que o senador Ramez Tebet, do PMDB-MS, como resultado do predomínio do grupo que domina a cúpula do partido, ainda sob forte influência de Jader, foi eleito para a presidência do Senado, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, manobra protelatória, impediu a instalação do processo contra o ex-presidente da Casa.
O presidente do Conselho de Ética, senador Juvêncio da Fonseca, do PMDB-MS, amigo íntimo de Jader Barbalho, impediu, num lance em que a combinação prévia ficou caracterizada, a votação do parecer favorável à abertura de processo por quebra de decoro contra o ex-presidente do Senado. Para tanto, bastou negar acolhida ao requerimento que lhe era apresentado pelo acusado, pedindo direito de defesa prévia, para imediatamente encaminhar o recurso de Jader à Comissão de Constituição e Justiça para consulta.
Como manifestou o senador Romeu Tuma, apesar de as regras de uma investigação parlamentar serem as mesmas da Justiça, segundo as quais cabe ao acusado defender-se após a abertura do inquérito, este teve sua instauração impedida pelo próprio presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. A crise, de natureza moral, chegou, assim, também ao Conselho de Ética e Decoro do Senado. E o mal-estar em que vive a instituição não se extingue com a eleição do senador Ramez Tebet para a presidência, cuja maioria de votos foi alcançada pelo apoio do PSDB, enquanto os senadores do terceiro partido da base de sustentação do governo, o PFL, votaram em branco, acompanhando a posição adotada pelos partidos de oposição.
A impressão que os fatos resultantes da renúncia do senador Jader Barbalho à presidência da Casa deixou é que o jogo de cartas marcadas, de que se valem os que resistem ao esforço em prol da moralização da vida pública brasileira, continua tendo sucesso, prejudicando seriamente a imagem do Senado, apesar de três senadores, Luiz Estêvão, por cassação, e José Roberto Arruda e Antônio Carlos Magalhães, por renúncia, terem perdido anteriormente seus mandatos, envolvidos em escândalos e flagrados em quebra de decoro parlamentar.
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