Simon defende Lula e Graziano e quer mutirão de líderes contra a crise



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu o governo nesta sexta-feira (14), em Plenário, das críticas que este tem sofrido dos jornais e dos próprios senadores de oposição, em especial as dirigidas ao ministro da Segurança Alimentar e do Combate à Fome, José Graziano.

- Acho que o presidente do Congresso Nacional, o senador José Sarney, deveria reunir os líderes de todos os partidos e propor a eles a discussão de formas de ajudar o governo, porque a situação herdada é grave - sugeriu Simon.

O senador criticou o jornal O Estado de S Paulo, que, ao publicar um balanço do governo Lula, fez uma avaliação positiva apenas dos ministros oriundos dos setores que ele apontou como conservadores, como os da Agricultura e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A avaliação negativa, prosseguiu o senador, foi apenas para os ministros oriundos do sindicalismo ou historicamente ligados ao PT. -Não me parece uma avaliação correta-, disse Simon.

O senador defendeu o ministro José Graziano, duramente criticado por frases pronunciadas em São Paulo, nas quais teria atribuído à migração de nordestinos boa parte da violência da metrópole. Simon acha que seria injusto demitir o ministro por causa da frase ou, até mesmo, pelas dificuldades de execução do programa Fome Zero.

- Ele foi infeliz, sim, foi uma frase impensada. Mas ele teve mesmo a intenção de atingir os brasileiros do Nordeste? Quis criar um racha no Brasil, do Norte e Nordeste contra o Sul? Claro que não. Quem de nós não foi infeliz alguma vez na vida, quem não se arrependeu de uma frase que não poderia ter pronunciado? - questionou.

O senador lamentou que a imprensa já aponte José Graziano como -praticamente demitido- e substituído pelo diretor-presidente do Grupo Pão de Açúcar. -Talvez o presidente Lula e o seu governo tenham cometido apenas um erro: o de criar esperanças demais, devido à ação do publicitário Duda Mendonça-, avaliou Simon.

Em aparte, o senador Efraim Morais (PFL-PB) defendeu a imprensa e disse que o que se tem feito é apenas analisar a atuação do governo, que, segundo ele, vai mal. -Esperávamos o combate à fome e à pobreza pela geração de empregos, e não por uma ajuda miserável, esmolas, que apenas humilham o cidadão-, afirmou. O senador perguntou ainda por que o ministro Graziano não teria tido -a coragem- de atribuir ao narcotráfico a violência na metrópole, -em vez de culpar os nordestinos-.

O senador Pedro Simon respondeu que o colega estava sendo -cruel-, porque em vez de falar em -engano- do ministro, mencionou -falta de coragem-. Em outro aparte, o senador Paulo Paim (PT-RS) elogiou Simon pela coerência e por manter a opinião de que não se pode corrigir em três meses o que foi feito de errado em oito anos. O senador Luís Otávio (PMDB-PA) disse, em seguida, que Simon é um orador tão brilhante que, se pedisse a demissão de Graziano, o ministro seria fatalmente demitido. -Vossa Excelência pediu cabeças de ministros do governo Fernando Henrique e os derrubou-, recordou o senador. -Ainda bem que veio aqui defender o Graziano-, disse.



14/03/2003

Agência Senado


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