Simon diz que país vive momentos mais violentos da história
Os acontecimentos registrados nos últimos dias, como o assassinato de adolescentes de classe média e os ataques à polícia em São Paulo, levaram o senador Pedro Simon (PMDB-RS) a afirmar, nesta sexta-feira (14), que o país vive os piores momentos da história no que diz respeito à violência, por conta do avanço do crime organizado. Ele isentou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ser o único responsável pela situação, mas condenou a falta de ação na área de segurança pública.
- Achava que, com a eleição de Lula, teríamos algumas mudanças para não continuar como está. Lula não tem culpa de coisa nenhuma, mas também não fez coisa alguma - lamentou Simon, que comparou a situação da violência do Brasil, que tem territórios em que o poder público não pode entrar, com a da Colômbia.
O senador entende que grupos de terror estão declarando guerra e debochando do poder constituído. E o país, afirmou, está conhecendo o funcionamento do crime organizado, fenômeno que, segundo Simon, -estourou agora, no governo de Lula-.
- As máfias estão se organizando no Brasil. Os seus chefes moram em casas luxuosas. Tem político, deputado, senador, delegado, coronel, juiz, ministro do tribunal, empresário. Esse esquema de compra de sentença revelado em São Paulo é uma organização quase que perfeita - avaliou o senador.
A questão, na opinião de Simon, não passa apenas pela aprovação de novas leis, algo que o Congresso vem fazendo nos últimos anos, mas pela implantação de iniciativas que possam controlar a criminalidade, inclusive a de colarinho branco. Como exemplo, ele citou a Operação Mãos Limpas, conduzida na Itália, que desmobilizou o crime organizado, incluindo suas ramificações no Judiciário e nas instituições policiais.
Simon defendeu projeto de sua autoria que acaba com o processo policial, algo inexistente nos Estados Unidos ou na Europa, onde quem comanda a investigação é o procurador ou o promotor. Ele entende que a busca da verdade desaparece no inquérito policial, como aconteceu no assassinado do empresário Paulo César (PC) Farias.
Contrário à redução da maioridade penal e crítico do Estatuto do Desarmamento em tramitação no Congresso, Simon pediu prioridade e mais investimentos para a segurança pública. Sem isso, afirmou, o Brasil continuará dividido em dois países: um inseguro e outro fechado em condomínios, com exércitos próprios. Ele registrou que, nessa realidade, São Paulo só perde para Nova York no número de helicópteros e carros blindados.
Em aparte, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) disse que o colarinho branco está contribuindo para o aumento da criminalidade no Brasil. A descoberta, pela Operação Anaconda, de um esquema de venda de sentenças em São Paulo, na opinião do senador, humilha as instituições e leva à descrença da população. Simon comentou que, no Brasil, a classe dominante, quem usa colarinho branco, é tido como honesto. -Essa é a triste e dolorosa realidade-, registrou.
14/11/2003
Agência Senado
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