SIMON ENALTECE CAMPANHA DA FRATERNIDADE E PROPÕE MEDIDAS PARA COMBATER O DESEMPREGO



A importância do tema da Campanha da Fraternidade deste ano - o desemprego - foi destacada nesta sexta-feira (dia 19) pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), que afirmou que um terço da população do mundo, ou um bilhão de pessoas, está desempregada. Ele lembrou que o desemprego é plataforma de campanha de políticos de todo o mundo, mas é problema que afeta principalmente os países pobres, como o Brasil, que não têm uma eficiente rede de proteção social. Simon, que anualmente aborda o tema da campanha, desenvolvida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comentou que a edição de 1999, com o lema "Sem trabalho... por quê?", foi elaborada com base um um livro de 140 páginas dividido em três partes intituladas: "Ver", "Julgar" e "Agir". Na primeira, são apresentadas as causas e conseqüências do desemprego. Na segunda, "os bispos brasileiros mostram sua indignação ética diante da grandeza que assumiu a questão", afirmou Simon. Na terceira, oferecem soluções que a Igreja considera moralmente sustentáveis.Dados extraídos do livro e citados por Simon mostram que 56% da população latino-americana trabalham no mercado informal. É neste mercado que foram criados 84% dos 17 milhões de postos de trabalho que surgiram na América Latina e no Caribe entre 1990 e 1995. O documento informa também que, apenas no setor bancário, foram eliminadas 755 mil vagas, entre julho de 1994 e dezembro de 1996. No setor industrial, a queda nos empregos foi de 16%; no entanto, a produção do setor cresceu 34% entre 1994 e 1996.Entre os mais jovens, a situação é ainda pior. O livro mostra que a taxa de desemprego dos adolescente entre 15 e 19 anos na grande São Paulo saltou de 18,68% para 39,8%, de 1989 a 1996. Há ainda 3,3 milhões de crianças entre 10 e 14 anos - ou 18,7% do total - que em 1995 trabalhavam para ajudar suas famílias. Trabalho, destacou o senador, que é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.O parlamentar apontou medidas que, crê, poderão ajudar a superar o desemprego. Primeiramente, elogiou o ministro da Agricultura, Francisco Turra, que pretende levar de volta ao campo três milhões de famílias que, embora pequenas proprietárias de terra, foram desestimuladas a extrair dela seu sustento, ingressando nas legiões de famintos que engrossam os contingentes de desempregados das grandes cidades.Pedro Simon sugeriu também a criação de um "gigantesco programa nacional de construção de moradias populares". Neste programa, propôs o senador, as prefeituras dariam os terrenos para a construção das casas; o governo estadual faria as obras de infra-estrutura; e a União financiaria a compra do material, com as casas sendo construídas em sistema de mutirão. Além de diminuir o desemprego, a proposta reduziria o imenso déficit habitacional do país.O senador defendeu ainda a criação de um "Banco do Povo", que já tem iniciativas esparsas em algumas capitais brasileiras. Lembrou o caso de Bangladesh, onde três milhões de pessoas passaram de desempregados a micro-empresários. O senador concluiu seu discurso afirmando que muito se debate e nada acontece.- Para o Proer (Programa de Reestruturação do Sistema Bancário), R$ 30 bilhões. Para o Pronafinho (diminutivo de Pronaf, Programa Nacional de Agricultura Familiar), R$ 30 milhões - protestou.O senador Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO), em seu discurso, elogiou as declarações de Simon no tocante à agricultura e denunciou a diminuição da área plantada no país nos últimos anos e a falta de uma política agrícola para o setor por parte do governo.

19/03/1999

Agência Senado


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