Simon homenageia ex-senadora Heloísa Helena



Em pronunciamento com duração de quase uma hora, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) utilizou-se de poesia e de recursos narrativos para fazer uma homenagem à ex-senadora Heloísa Helena (PSOL-AL). O senador inspirou-se no poeta João Cabral de Melo Neto para descrever a trajetória de "vida severina"de Heloísa Helena.

- Ela tinha convicção de que somente os curativos não seriam suficientes para sanar as feridas daquela gente. Ela teria que atuar num campo mais amplo, o campo político. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores. Lutou pelas eleições diretas, pela melhoria das condições de vida de seu povo. Foi vice-governadora, deputada estadual, senadora, seu partido chegou à Presidência da República - descreveu Simon, lembrando que a ex-senadora tem formação em Enfermagem.

O representante gaúcho destacou o momento mais dramático da vida política da então senadora Heloísa Helena: sua expulsão do PT por discordar da determinação do partido na votação a favor da reforma da Previdência e dos rumos adotados pelo partido após assumir o poder, contrários aos seus ideários programáticos.

Assim Simon descreveu a postura de Lula na ocasião:

- O poder, ah!, o poder! O discurso colocado em prática. Mostrou a Heloísa os ministérios, a esplanada, as autarquias. 'Te darei todas as riquezas, porque tudo isso foi dado a mim. Portanto, se te ajoelhares diante de mim, tudo isso será teu'.

No início do discurso, o senador gaúcho descreveu a infância pobre e sofrida de Heloísa Helena para ilustrar o anonimato da gente sofrida do sertão de Alagoas, que convive diariamente com a seca e com a falta de oportunidades.

Depois dissertou sobre a "bravura, coragem, determinação política" da ex-senadora. Falou sobre sua humildade religiosa à semelhança do santo de sua predileção, São Francisco de Assis, e de sua vestimenta composta de blusa branca, calça jeans e rabo-de-cavalo. De sua fortaleza de espírito, com que enfrentava a oposição, com palavras duras. A então senadora foi veemente, segundo Simon, em sua crítica à política neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso, à sua política de privatizações e ao que considerou os descaminhos do governo Lula.

- Ela soava como um corretor de textos. Ao primeiro sinal de erro político, ela se manifestava, ao mesmo tempo que apontava os caminhos de sua correção. A importância de uma pessoa se mede pela falta que ela nos faz. Não se contentam em viver a história, fazem a história; sua ausência mede a saudade que nos deixou - analisou Simon, que convidou os parlamentares, em especial a senadora Patrícia Saboya (PSB-CE), a quem chamou "irmã" de Heloísa Helena, a encontrarem uma forma de trazê-la de volta ao cenário político para "exercer uma missão, ela que têm obrigações maiores com o povo brasileiro".

Simon elogiou a coragem de Heloísa Helena ao optar pelo desafio de candidatar-se à Presidência da República nas eleições de outubro de 2006, em vez de optar por concorrer ao governo de Alagoas ou mesmo à reeleição pelo Senado. Salientou os 7% de votos recebidos do eleitorado, que considerou "uma vitória, mesmo sem ir para o segundo turno". Demonstrou sua admiração pela mulher eleita pela revista Forbes, em novembro de 2005, a mais influente na política, e em dezembro do mesmo ano, pela revista Isto É Gente, a "Personalidade do Ano de 2005".

Pedro Simon recebeu apartes dos senadores Eduardo Suplicy (PT-SP); Patrícia Saboya (PSB-CE); Mão Santa (PMDB-PI); José Nery (PSOL-PA); e Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

18/04/2007

Agência Senado


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