SIMON PRESTA HOMENAGEM A ALEIXO POR TER VOTADO CONTRA EDIÇÃO DO AI-5



Ao registrar que no próximo domingo (dia 13) o Ato Institucional nº 5 completa 30 anos, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) homenageou o então vice-presidente da República, Pedro Aleixo, por ele ter sido o único participante da reunião em que o AI-5 foi assinado a votar contra a edição da medida.- O dia 13 deveria ser o dia de homenagear a figura extraordinária de Pedro Aleixo. Está na hora de se escrever a história dos derrotados. Derrotados, mas com suas consciências tranqüilas; derrotados, mas ficando com a lei. Pedro Aleixo teve a grandeza de dizer o que pensava - ressaltou o senador.Em seu pronunciamento, Simon recordou que o ano de 1968 foi de contestação no mundo todo. Falou no assassinato de Che Guevara em 1967, na oposição dos norte-americanos à guerra do Vietnã e na movimentação dos estudantes franceses, que culminou com a renúncia de Charles de Gaulle. No Brasil, ele destacou os diversos protestos promovidos pelos estudantes contra a má qualidade de ensino e, posteriormente, contra a repressão policial, a falta de liberdade e a ditadura que despontava.Continuando a registrar os fatos históricos, Simon citou o discurso do deputado Márcio Moreira Alves realizado no plenário da Câmara, em que este fez um apelo para que as mulheres dos militares do Exército negassem sexo a seus maridos, as moças recusassem dançar com os cadetes e os estudantes não participassem dos desfile de Sete de Setembro.De acordo com o senador pelo Rio Grande do Sul, as palavras de Márcio Moreira Alves não tiveram repercussão imediata. Apenas o jornal Folha de S.Paulo publicou uma nota de duas linhas fazendo referência ao discurso, mas sem dar maiores detalhes. Simon afirmou que o texto foi reproduzido pelas "vivandeiras", que insuflaram os militares a tomar uma atitude.- De repente, os militares exigiram uma licença da Câmara dos Deputados para cassar Márcio Moreira Alves. Passou a haver pressão para que esta autorização fosse dada. Mas a Câmara fez uma sessão e foi negado o pedido. Isto foi usado como justificativa para a edição do AI-5 - relatou Pedro Simon.HISTÓRIAPara complementar as várias reportagens que foram publicadas sobre os 30 anos do AI-5 por revistas e jornais brasileiros nos últimos dias, Simon descreveu uma conversa que manteve com Daniel Krieger. O líder da Arena na Câmara àquela época contou a Simon que foi o próprio presidente Costa e Silva quem autorizou a liberação dos deputados para votar de acordo com a sua consciência.- O presidente Costa e Silva disse a Daniel Krieger: "Eu cumpri a minha parte. Enviei o ofício pedindo autorização da Câmara dos Deputados para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado. Agora a Câmara está liberada para votar como desejar". Com essa liberação, muitos deputados da Arena votaram contra a licença - lembrou Simon.Em aparte, o senador Bernardo Cabral (PFL-AM) disse que além de ter votado contra a edição do AI-5, a história registra que Pedro Aleixo também se posicionou contra a cassação de vários parlamentares, entre eles o próprio Cabral. Já o senador Josaphat Marinho (PFL-BA) assinalou que o registro feito por Simon é importante porque lembra a todo governante que o "ato de hoje tem o julgamento definitivo amanhã".

09/12/1998

Agência Senado


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