Francelino diz que Aleixo foi heróico contra o AI-5



Ao abrir nesta quinta-feira (dia 30) as homenagens prestadas pelo Senado ao centenário de nascimento de Pedro Aleixo, o senador Francelino Pereira (PFL-MG), autor do pedido de homenagem, destacou a coragem daquele político mineiro na intransigente posição que assumiu contra o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que marcou o endurecimento do ciclo militar iniciado em 1964. Pedro Aleixo, que foi vice-presidente da República e que chegou a ocupar a Presidência por quatro dias no governo do general Costa e Silva, pela Constituição em vigor era então o presidente do Congresso Nacional quando este foi fechado.

Aleixo, advogado, jornalista e professor, foi também ministro da Educação no governo do general Humberto de Alencar Castelo Branco, o primeiro militar a assumir a Presidência da República após a derrubada do governo João Goulart. Como vice-presidente de Costa e Silva, contudo, não pôde assumir a Presidência com a doença do general, em razão das posições que assumiu contra o AI-5 - lembrou Francelino. O país, então, passou a ser governado por uma junta militar.

Na solenidade no Plenário do Senado estiveram presentes várias autoridades, entre elas o ministro Carlos Velloso, do Supremo Tribunal Federal (STF), o representante do governo de Minas Gerais, Israel Pinheiro Filho, e os filhos do homenageado - o padre José Carlos Aleixo, Heloísa Aleixo Lustosa e Maurício Aleixo, que foram convidados pelo presidente interino do Senado, senador Edison Lobão (PFL-MA), a comporem a Mesa. Além de Francelino, ocuparam também a tribuna na solenidade os senadores Bernardo Cabral (PFL-AM), José Alencar (PMDB-MG), Arlindo Porto (PTB-MG), Pedro Simon (PMDB-RS) e Edison Lobão.

Francelino lembrou que Pedro Aleixo era filho de um pai muito austero, José Caetano Aleixo, que chegou a romper com um dos filhos, porque este decidira estudar piano em Viena. Pedro Aleixo, prosseguiu Francelino, sempre demonstrou vocação para a política, tanto que, aos 4 anos de idade, amigos do pai costumavam dar uma moeda para ver o garoto fazer discursos. Amigo de Milton Campos, de quem foi secretário no governo de Minas, Pedro Aleixo participou com ele da fundação da União Democrática Nacional (UDN). Foi também amigo de Juscelino Kubitschek e de Magalhães Pinto, embora não tivesse concordado com a candidatura deste último ao governo de Minas.

Por uma grande coincidência do destino, segundo Francelino, Pedro Aleixo era o presidente da Câmara dos Deputados quando o Congresso foi fechado pelo Estado Novo, em 1937, e, como vice-presidente da República, era presidente do Congresso quando este foi novamente fechado em 1968. Ao relatar esses episódios, Francelino lembrou comentário do próprio Aleixo: "A poucas pessoas acontece serem colhidas pelo raio duas vezes na vida".

Selo comemorativo

A homenagem foi finalizada com o lançamento de um selo comemorativo do centenário de nascimento de Pedro Aleixo. Heloísa Aleixo Lustosa, a convite do presidente interino do Senado, Edison Lobão, rompeu o lacre do envelope que continha o selo de homenagem ao pai.

30/08/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


SIMON PRESTA HOMENAGEM A ALEIXO POR TER VOTADO CONTRA EDIÇÃO DO AI-5

Jereissati parabeniza PCdoB por papel "histórico e heróico"

FRANCELINO DESTACA DIA INTERNACIONAL DA NÃO VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

FRANCELINO COBRA DO GOVERNO MEDIDAS CONTRA AGIOTAGEM

JK é inspiração de otimismo contra a crise atual, diz Francelino Pereira

Francelino protesta contra ação pelo fechamento de duas universidades mineiras