Simon, sobre Jefferson Péres: "Ele não caiu em tentação"



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) descreveu como "de dia seguinte" o clima que encontrou nesta segunda-feira (26) no Senado, três dias depois da morte do senador Jefferson Péres, ocorrida na manhã da última sexta-feira (23). Simon disse que o que via era "uma cadeira vazia e corredores e salas em silêncio".

O senador pelo Rio Grande do Sul lamentou a ausência na Casa do senador que tantos ensinamentos e boas direções apontou para seus colegas com o objetivo de construir "um Brasil independente, democrático e soberano". Sem Jefferson Péres para olhar como referência, restou ao senador peemedebista interrogar o Céu sobre o sentido de uma partida prematura.

- Não nego que dá vontade de falar diretamente com Deus, colocar em xeque seus desígnios, duvidar, quem sabe, da sua infalibilidade. Afinal, por que chamar o Jefferson para sua companhia exatamente quando nós precisávamos mais dele, quando, sem a sua voz a clamar, parece que nos resta apenas o deserto? - perguntou Simon.

O senador conjecturou se, ao levar Jefferson Péres, Deus não teria, na verdade, feito um chamamento do Senado à razão. Simon prosseguiu em suas referências religiosas para dar uma idéia do compromisso do senador amazonense com a ética:

- Não te deixaste cair em tentações e livraste-nos de tantos males que ocupavam as prateleiras de mentes empoeiradas pela corrupção e pala falta de ética - disse Simon.

Esse compromisso, e as desilusões decorrentes da luta contra a onda de corrupção, é que teriam feito Jefferson Péres planejar sua despedida da vida pública, em 2010, com o término do mandato de senador. Simon observou que "outro desiludido com a política", Artur da Távola, morreu no dia 9 de maio. Isso seria o sinal de que a política "já não é o caminho do bem coletivo, do bem público".

Simon recordou trechos de um discurso em que Jefferson Péres criticou a classe política por não ter um projeto de nação e se digladiar por "coisas menores", disputar o poder pelo poder. Para Jefferson, o Brasil vive uma profunda crise de Estado, mas a classe política parece não se conscientizar disso.



26/05/2008

Agência Senado


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