Jefferson Péres diz que não tem dúvida sobre a culpa de Renan



O senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar de processo contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), disse, na sessão do Plenário destinada a julgar o ex-presidente do Senado, nesta terça-feira (4), que não tem dúvida quanto à quebra de decoro pelo senador.

Jefferson Péres reafirmou que encontrou um conjunto de indícios robustos da culpa de Renan e citou aqueles que considera mais consistentes: a confissão do empresário João Lyra, que teria se auto-incriminado quando revelou a sociedade oculta com Renan em emissoras de rádio; o fato de Renan não ter ido à Justiça contra a pessoa de João Lyra e sim contra suas empresas; a proposta de venda das rádios feita pelo senhor Nazário Pimentel a Renan, que na época ocupava o cargo de ministro da Justiça.

- Se eu fosse procurado, como senador, ou como ministro da Justiça, por um empresário me oferecendo a venda de rádios, eu encerraria a conversa. 'Eu não posso ser proprietário de rádio. Eu sou senador. O senhor procure alguém, algum empresário interessado'. Essa á a versão do senhor Nazário, registrada em cartório - assinalou.

Jefferson Péres citou a defesa para essa transação, em que Renan alega que foi apenas o portador de uma proposta de Nazário para João Lyra. Para o senador, Renan deveria ter negado o pedido e sugerido a Nazário que procurasse ele mesmo João Lyra em Alagoas ou, no máximo, telefonasse ao empresário e pedisse que recebesse Nazário. Jefferson Péres ainda observou que, de acordo com o depoimento de Nazário Pimentel, quando a proposta foi entregue a João Lyra, em sua residência, Renan estava presente.

Jefferson Péres classificou como inverossímil, "uma história estapafúrdia", a alegação de que o senhor Tito Uchôa recebeu em sua casa João Lyra e Nazário Pimentel para que fossem efetuados os pagamentos da transação em dinheiro vivo, em vez de fazê-lo em cheques e em seus escritórios. Ele lembrou que Tito Uchôa foi ocupante de cargo de confiança no gabinete do senador Renan.

- Não se compara um processo judicial com um político disciplinar; são de natureza diferentes. No criminal, está em jogo a liberdade da pessoa, que fica estigmatizada. No processo de decoro, o parlamentar perde o mandato e volta a sua vida civil, familiar e profissional com todos os demais direitos. Quem é condenado por um crime responde por aquilo, mas quem fere o decoro parlamentar fere uma instituição vital para a democracia brasileira - afirmou Jefferson Péres.

O senador acrescentou que, se tivesse dúvidas sobre o caso teria apresentado um relatório pela absolvição de Renan.

- Não tenho. Mas tenho que considerar as conseqüências desse processo todo para esta Casa. Talvez estejamos hoje num desses episódios decisivos para o futuro de um país. Não estou exagerando não. Eu já vejo nuvens cinzentas no futuro desse país. A desmoralização da classe política é o ovo da serpente - alertou.

Jefferson Péres ainda citou duas pesquisas recentes, que revelaram, uma, o aumento considerável do desprestígio do Congresso Nacional perante a população e, outra, que os dois maiores motivos de vergonha para os jovens de 16 a 25 anos são a falta de segurança pública e os políticos.



04/12/2007

Agência Senado


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