Sobre crise da Venezuela, Jefferson lembra tradição de não ingerência da diplomacia brasileira
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Jefferson Péres (PDT-AM), afirmou que interferir nos assuntos internos de outros países não é tradição da diplomacia brasileira. A declaração foi feita em entrevista ao programa A Voz do Brasil, em comentário sobre a atitude brasileira diante da crise da Venezuela.
O senador disse concordar com os analistas Octávio Amorim, professor da Fundação Getúlio Vargas, e Peter Hakim, presidente de um dos principais centros de análise política dos Estados Unidos. Os dois entendem que a atitude brasileira de mandar um assessor para assuntos internacionais à Venezuela, em dezembro, e de apoiar o envio de um navio carregado de gasolina ao país vizinho quebra uma tradição de quase um século da diplomacia brasileira de não interferir nos assuntos internos de outros países.
A decisão, segundo Jefferson, pode deixar o Brasil em uma situação difícil mais tarde, caso os opositores ao governo atual cheguem ao poder. O senador ressalta que o presidente venezuelano Hugo Chávez foi eleito pelo voto popular e, portanto, tem que ser reconhecido como presidente legítimo daquele país. Mas nenhum governo, acrescentou, pode ignorar que a Venezuela vive hoje uma grave crise:
- A Venezuela está vivendo uma situação de quase conflagração popular, de confronto entre governo e grande parte da sociedade venezuelana e nesse caso qualquer gesto que se faça em direção ao governo se configurará numa tomada de posição.
Jefferson disse ainda que é um erro pensar que a atitude brasileira indica que o país esteja adotando uma diplomacia mais agressiva no continente. Para o senador, uma diplomacia mais agressiva seria o país procurar aproximar-se de todos os países na defesa dos interesses comerciais do Brasil. Na avaliação do presidente da CRE, qualquer atitude que possa parecer ingerência em assuntos internos de outros países -não é agressividade, é um erro palmar em política externa-.
10/01/2003
Agência Senado
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