Suassuna: Brasil deve ter cautela ao negociar sua entrada na Alca



Ao comentar o encontro entre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente americano George W. Bush, nesta terça-feira (10), o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) alertou para os perigos que cercam a entrada do Brasil na Área de Livre Comércio para as Américas (Alca). Ele observou que embora a Alca seja um estreitamento de laços comerciais, aduaneiros e de mercados que, teoricamente, pode significar um horizonte alargado para a economia brasileira, é também, -um estreitamento que, no momento, parece mais um abraço de urso-.

Suassuna disse que o Brasil precisa avaliar com cautela seu ingresso na Alca, que pode ser concretizada em janeiro de 2006, ressaltando que o país terá pouco tempo para adaptar às novas regras desse mercado comum, que envolverá 34 nações.

- Esse tempo de preparação é pequeno para enfrentar uma competição com os Estados Unidos, que hoje é a mais potente economia do planeta, principalmente no que diz respeito a serviços e indústrias - afirmou Suassuna.

O senador frisou que embora a abertura econômica, caso seja bem negociada, possa significar um acesso vantajoso para alguns produtos brasileiros a um mercado ampliado, a maior parte da economia brasileira, com a Alca, -estará sob ameaça de destruição-. Isto só não ocorrerá, disse Suassuna, se o Brasil souber se preparar para a nova situação, elevando a sua capacidade de produzir e concorrer.

Suassuna citou documento elaborado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos e pelo Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas com uma agenda de ações para fortalecer a competitividade internacional dos produtos brasileiros, numa tentativa de converter a ameaça da Alca em oportunidades para as indústrias, serviços, comércio e agronegócios nacionais.

O documento propõe um esforço conjunto entre governo e empresas para que se possa atingir patamares superiores de tecnologia através da pesquisa científica e da modernização. Também é proposta a conclusão das reformas de base, como a tributária e a da Previdência, passando pela modernização da Justiça e das leis trabalhistas e pela redução das taxas de juros a níveis praticados nos demais países. O documento aponta ainda a ação diplomática para garantir a negociação competente dos acordos comerciais, bilaterais e multilaterais.

Nesse processo, disse Suassuna, o Brasil deve insistir no fortalecimento do Mercosul, que ele chamou de -nosso destino natural e uma experiência valiosa de integração regional-. Ao superar as pendências e disputas do Mercosul, acrescentou, o Brasil se habilitará a -enfrentar o feroz protecionismo de economias mais poderosas, seja no âmbito da Alca, seja dentro da Organização Mundial do Comércio, esse clube de iguais com regras que favorecem os mais iguais, ou seja, os países ricos-.



10/12/2002

Agência Senado


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