Flexibilização da Alca não deve afastar cautela, diz Almeida Lima



Nem a perspectiva de formação de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) -light-, anunciada ao final de recente reunião ministerial do bloco hemisférico, levou o senador Almeida Lima (PDT-SE) a abandonar as advertências de atenção e cautela dirigidas às autoridades brasileiras.

- É esse nosso maior dever, porque, estou certo, não podemos, nem devemos, faltar com nosso alerta e com a nossa voz quando está em jogo o interesse nacional - comentou.

A adoção de uma visão mais flexível sobre a estruturação da Alca foi suscitada, conforme assinalou, por uma mudança de posição do governo dos Estados Unidos. A defesa de uma Alca -light- pelo governo norte-americano teria obedecido a -injunções políticas internas-, motivadas pelos lobbies de algumas indústrias, e à proximidade das eleições presidenciais.

Apesar de se aproximar de medidas mais flexíveis, os Estados Unidos não estariam sendo liberais o suficiente para abrir mão da inúmeras barreiras não-tarifárias impostas a alguns produtos, como o suco de laranja brasileiro, e da concessão de subsídios agrícolas. Diante disso, Almeida Lima fez um alerta:

- Não podemos nos dar ao luxo de defendermos de forma inflamada o livre mercado, quando a liberalização que está sendo discutida é seletiva e obedece a uma lógica econômica que interessa quase que exclusivamente à maior potencial mundial, os Estados Unidos - disse.

Na sua opinião, a mudança de enfoque dos Estados Unidos sobre o assunto denota, na verdade, que o país não tenciona ferir nenhuma suscetibilidade no plano interno.

- Esse quadro que tento esboçar denota uma postura unilateralista, no melhor estilo -venha a nós o vosso reino-, sem contrapartidas, sem a preocupação da reciprocidade, sem a assunção da responsabilidade gerada pela mão pesada do império norte-americano - advertiu.



17/12/2003

Agência Senado


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