Suassuna quer Legislativo debatendo soluções para greve de polícias e aumento de violência



O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) defendeu nesta quinta-feira (dia 2) o início imediato de um profundo debate, pelo Legislativo, sobre as greves nas polícias civil e militar em todo o país e sobre o aumento assustador da violência no país, com o objetivo de apresentar soluções à sociedade. Na sua avaliação, as paralisações das polícias constituem uma "ruptura do contrato social" entre o governo e a população. O crescente aumento dos índices de violência, por sua vez, é devido sobretudo à falência governamental, disse ele.

Suassuna cobrou do presidente da República o cumprimento da promessa de campanha de que atacaria de frente o problema da segurança, apresentada como uma das suas cinco principais metas. Para o senador, a violência, a desordem, as greves e o desrespeito à lei são práticas correntes no Brasil, "e estão trazendo desassossego e insegurança aos cidadãos".

Como exemplo, Suassuna citou a recente greve das polícias civil e militar na Bahia, onde registraram-se saques, assaltos, arrastões e assassinatos. O saldo da paralisação, continuou, deixou um "prejuízo material e moral incalculável para o estado": 45 pessoas foram mortas, mais de 100 baleadas, centenas de carros roubados e cerca de 600 pacotes turísticos cancelados. O comércio contabilizou perdas de R$ 10 milhões e o governo local deixou de arrecadar R$ 2 milhões, completou.

- Por qualquer lado que se examine a questão, a greve, ao deixar expostos a população e os bens públicos e particulares, é incongruente com a própria função dos policiais - enfatizou Suassuna.

Essas greves demonstram a fraqueza do sistema político brasileiro e apontam para uma possível rebelião civil, na opinião do senador, que criticou a intenção do governo de editar mais uma medida provisória para criar uma guarda nacional, unificar as polícias e dar prerrogativas às Forças Armadas em caso de motim armado. Essas iniciativas, conforme juristas de renome, são "um erro, uma loucura, um retrocesso à ditadura, além de inconstitucionais", salientou Suassuna. Ele defendeu a implantação de medidas sociais mais abrangentes para resolver o problema, tais como a atualização dos salários dos funcionários públicos congelados há quase sete anos. "A crise econômica, social e política do país, a mania de globalização e a cega obediência às ordens do FMI contribuem para aumentar a miséria e a insegurança do povo", acentuou.

Em aparte, o senador Luiz Otávio (sem partido-PA) sugeriu a liberação dos recursos do Fundo Nacional de Segurança que, segundo ele, estão retidos no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

02/08/2001

Agência Senado


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