Suassuna se diz envergonhado com fatos ocorridos nos últimos dias no país



A denúncia de tortura praticada contra o comerciante chinês naturalizado brasileiro Cham Kim Chang em uma cela do Presídio Ary Franco, no Rio de Janeiro, a descoberta de uma -boca de fumo- no Presídio Vicente Piragibe, também no Rio, e a citação feita por um oficial de justiça sobre a votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da indicação do senador Luiz Otávio (PMDB-PA) para o Tribunal de Contas da União (TCU) foram citados pelo senador Ney Suassuna (PMDB-PB) como fatos que envergonham o Brasil.

Cham Kim Chang foi preso há duas semanas ao tentar embarcar para os Estados Unidos com US$ 30 mil não declarados à Receita Federal. Dois dias depois, foi levado para o hospital inconsciente, depois de sofrer agressões dentro do presídio. O comerciante chinês não resistiu aos ferimentos e morreu na quinta-feira da semana passada (4). Suassuna comparou o caso com a história do filme O Expresso da Meia-Noite, no qual um homem é preso com haxixe em um aeroporto na Turquia e submetido a torturas na prisão.

- Nunca imaginei que no Brasil pudéssemos passar a mesma vergonha que o povo turco passou com a exibição das cenas de O Expresso da Meia-Noite. Nunca imaginei que pudéssemos ter aqui as sessões de espancamento, que dizem ter havido para que Chang informasse o código dos seus cartões de crédito. Eu imagino a revolta da família ao ouvir de alguns agentes que o comerciante teria se autoflagelado - afirmou Suassuna.

Em aparte, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) comentou que o pronunciamento do senador pela Paraíba deve servir como um alerta para que as autoridades ofereçam proteção aos brasileiros e pessoas de outras nacionalidades que tentam embarcar para outros países. Ele contou que foi informado sobre pessoas que evitam declarar que estão portando dinheiro temerosas de enfrentar situações como a que terminou passando o comerciante.

Sobre o fato da venda de drogas no presídio do Rio, notícia veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo, Suassuna lamentou que a maioria dos presídios contam com -bocas de fumo- em suas dependências e que sequer tenham sido bem sucedidos os esforços para desenvolver uma tecnologia que impedisse o funcionamento de telefones celulares nas cadeias.

Já o caso do oficial de justiça que esteve na manhã desta segunda-feira (8) na CAE foi comparado por Suassuna como se uma comitiva de senadores comparecesse ao gabinete de um juiz para impedir que ele redigisse uma sentença.

- Se eu conheço bem o presidente José Sarney, ele tomará alguma providência, já que é uma irresponsabilidade um oficial de justiça vir citar senadores, que têm imunidade, por um ato que sequer está terminado, já que a indicação ainda vai ser votada em Plenário - argumentou.



08/09/2003

Agência Senado


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