Suplicy aconselha a Renan a se licenciar da Presidência e a se defender no Conselho de Ética



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse,em discurso no Plenário nesta terça-feira (19), que o Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveria licenciar-se do cargo para dedicar-se inteiramente à sua defesa no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Suplicy aconselhou Renan a se preparar para o esclarecimento de todas as dúvidas que pairam a respeito da denúncia de que usou recursos da empreiteira Mendes Júnior, por meio de um funcionário da empresa, para cumprir suas obrigações com uma filha fora do casamento.

De acordo com o senador, ao comparecer ao conselho, Renan permitiria aos membros daquela instância do Senado ter todas as condições para votar de maneira isenta e consciente o relatório sobre a representação movida contra o presidente do Senado pelo PSOL.

- Se eu estivesse no lugar dele, faria isso - disse Suplicy, lembrando o quanto foi proveitoso para Renan esclarecer o mal entendido em torno de registros de venda de bois, dos quais constava um único cheque.

A intervenção do parlamentar petista foi uma reafirmação ao que tinha dito emaparte a discurso proferido no final da tarde pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM). Naquele momento, Suplicy considerou também essencial para o julgamento dos senadores o conhecimento dos resultados na perícia realizada pela Polícia Federal nos documentos de atividades rurais encaminhados ao conselho por Renan.

- É mais do que normal que todos nós aguardemos o resultado dessa perícia, e que possamos ter a convicção de que está sendo bem feita. Se, porventura, houver eventual necessidade de complementação para obter maior certeza sobre um, dois, três ou mais pontos, que possa haver o tempo necessário para isso, porque todos nós queremos votar de acordo com as apurações - salientou Suplicy no aparte a Virgílio

O senador petista disse que, além da imprensa, muita gente está pedindo o esclarecimento de todas as denúncias relativas ao presidente do Senado. O parlamentar contou ter recebido nos últimos dias mais de mil mensagens de correio eletrônico solicitando o inteiro esclarecimento dos episódios.

Suplicy embasou seu conselho em uma experiência do passado recente.Recordou que quando ocorreu o episódio Waldomiro Diniz, acusado de tráfico de influência, no início do primeiro governo Lula, sob o comando do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o Senado viveu um semestre de grande tensão. Naquele momento, o senador aconselhou a Dirceu que prestasse esclarecimentos no Senado, mas não foi atendido

- Tempos mais tarde [já cassado], ele me disse: 'Ah, talvez eu devesse ter seguido a recomendação do senador Eduardo Suplicy...' - rememorou o senador do PT.

Suplicy ponderou que "a situação agora é inteiramente diversa, de outra natureza". Ainda assim, recomendou a Renan Calheiros a responder toda e qualquer dúvida que exista ou venha a surgir. Assim como os senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e Pedro Simon (PMDB-RS), o parlamentar paulista relembrou o episódio em que o ministro Henrique Hargreaves, ministro da Casa Civil no governo Itamar Franco (1992-1994), acusado de irregularidades, afastou-se, tendo retornado livre de todas as acusações.

- Avalio que a atitude de Hargreaves foi importante, foi um exemplo a respeito do qual é importante refletir. É preciso deixar claro: Queremos o esclarecimento completo, que dúvidas não pairem - afirmou Suplicy.



19/06/2007

Agência Senado


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