SUPLICY ALERTA CONTRA RISCO DE DOLARIZAÇÃO
De acordo com o senador, embora a dolarização da economia argentina tenha sido negada pelo presidente Fernando De La Rúa, a questão é preocupante, uma vez que em documento de outubro do ano passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou a troca do peso pela moeda norte-americana. Suplicy pediu ainda aos senadores que não esquecessem a proposta feita há dois anos pelo então presidente argentino Carlos Menem de que seu país e o Brasil adotassem o dólar como padrão monetário.
Diante de todos esses sinais, o senador anunciou que irá encaminhar à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) requerimento propondo a criação de grupo de trabalho para estudar assuntos monetários internacionais, entre eles, a dolarização. Suplicy considera possível que, de um momento para o outro, o Brasil se veja cercado de países que abriram mão da emissão de sua própria moeda.
- A dolarização representa grave perda de soberania - alertou.
Eduardo Suplicy explicou que o país de economia dolarizada fica impossibilitado de exercer uma política monetária ativa e controlar o volume de moeda em circulação ou usar a taxa de juros para inibir ou estimular consumo e investimento. A oferta de moeda e crédito ficaria diretamente ligada aos movimentos dos juros fixados pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos.
Segundo o senador, o Brasil não está livre desse fenômeno, embora o presidente Fernando Henrique tenha dito em recente encontro com um grupo de senadores que em hipótese alguma o governo irá abrir mão do real. O ex-presidente do Banco Central, Francisco Lopes, por exemplo, confessou a Suplicy ter recebido proposta de atrelamento do real ao dólar (por meio de uma caixa de conversão) de membros da equipe do FMI e de funcionários do governo norte-americano.
- A dolarização seria muito vantajosa para os Estados Unidos, conforme declarou o secretário do Tesouro americano, Larry Summers - disse Suplicy.
A vantagem estaria no fato de que o emissor de moeda se apropriaria automaticamente de parte do volume emitido a título de "senhoriagem", direito consagrado dos bancos centrais. Assim ao adotar o dólar, os países estariam fazendo empréstimos - sem cobrança de juros - aos Estados Unidos. Por essa e outras razões, Suplicy propõe que o Brasil ajude os demais países da América Latina e manter suas moedas.
Em aparte, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) classificou a dolarização de "terceirização da soberania nacional" e considerou que este não seria motivo para a criação de um grupo de estudos, mas sim para abertura de um processo de impeachment do presidente da República.
Também em aparte, o senador José Fogaça (PMDB-RS) disse que duvida da dolarização na Argentina. Segundo ele, essa medida seria um "tiro no pé", levando-se em conta que o Brasil manteria sua moeda e o controle de sua política monetária e de incentivos às exportações. Para o senador Ney Suassuna, outro aparteante, o presidente Fernando Henrique foi bem claro ao dizer aos senadores que não dolarizaria a economia brasileira. Mas Suassuna lembrou que discutir esse tipo de assunto é papel da CAE, da qual é presidente.
03/02/2000
Agência Senado
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