Suplicy comemora centenário de Os Sertões



-A obra Os Sertões introduziu na consciência histórica brasileira a pessoa coletiva, dirigindo um olhar interessado e comovido aos pobres do sertão.- A avaliação é do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que nesta quarta-feira (27) fez um pronunciamento a propósito do centenário, em 2 de dezembro, da publicação do livro de Euclides da Cunha.

- Euclides da Cunha pôde superar as limitações da época (fins do século XIX e início do século XX) e trazer até os dias de hoje o seu vivíssimo apelo pelo fim das desigualdades imensas que dividem a sociedade brasileira - disse o senador.

Suplicy levou a Plenário um relato biográfico de Euclides da Cunha e a forma como se deu a elaboração de sua obra-prima. O enfoque do escritor diante do conflito entre os seguidores de Antonio Conselheiro, no Arraial de Canudos, sertão da Bahia, e as forças oficiais, vai mudando à medida que se dá o contato de Euclides da Cunha com o sertanejo. O livro é também fruto disso, atesta Suplicy.

- A epopéia sangrenta testemunhada por Euclides da Cunha, assim como o contato direto com a terra e o homem sertanejos, alteram em profundidade sua compreensão da problemática que dera origem ao conflito. Euclides conclui dizendo que os sertanejos devem ser educados e integrados ao conjunto da nação, tratados a cartilha e não a bala - disse o senador.

O relato da guerra, que envolveu três expedições oficiais contra a cidade de Belo Monte e que terminou por dizimar sua população estimada entre 10 mil e 25 mil habitantes, é feito em um estilo envolvente. -A sua descrição da terra sertaneja recebe uma impressionante dramaticidade, pela qual os elementos naturais ganham vida e se fazem quase humanos-, afirmou Suplicy. O senador disse ainda que o país não pode dispensar o legado euclidiano.

- Sem Os Sertões, sem o vigor de seu pensamento e de sua expressão artística, o movimento liderado por Antonio Conselheiro estaria muito mais esquecido, como tantas outras organizações comunitárias e revoltas populares que foram esmagadas pela repressão dos poderosos - observou.

Autor de prefácio a edição comemorativa do centenário do livro, o senador José Sarney (PMDB-AP) disse que Os Sertões é uma obra definitiva da literatura brasileira, construída em linguagem dominadora.

- Enquanto existir a força da palavra escrita, o livro Os Sertões estará aí como uma das obras definitivas já criadas pela inteligência em nosso país - disse Sarney.



27/11/2002

Agência Senado


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