SUPLICY CRITICA AÇÃO DO BNDES NO COMBATE AO DESEMPREGO



O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem sido ineficiente na criação de novos postos de trabalho, afirmou hoje (dia 8) o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), ao analisar informações prestadas a ele pela instituição.

Suplicy também constatou que o BNDES vem utilizando a grande maioria de seus recursos para financiamento de empresas de grande porte. "O banco está contribuindo para aumentar a concentração de riqueza no país", alertou.

O senador solicitara ao BNDES dados referentes aos desembolsos para aplicação em financiamentos e projetos de desenvolvimento econômico e geração de empregos. O banco recebe 40% dos recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e, para Suplicy, deveria estar aplicando mais recursos em micro, pequenas e médias empresas. "Isso denota uma grave distorção", afirmou.

Segundo as informações prestadas pelo BNDES, em 1996, 25% dos R$ 156 milhões repassados pelo FAT eram alocados para as micro, pequenas e médias empresas. Em 1997, essa participação caiu para apenas 2% sobre o total de R$ 226 milhões.

- Não podemos esquecer que as taxas de juros dos financiamentos do BNDES são consideravelmente mais baixas do que as praticadas no mercado interno, com a justificativa de facilitar o crédito para aqueles que dele verdadeiramente necessitamenfatizou - Suplicy.

Apesar de o BNDES anunciar que houve aumento significativo no número de empregos criados de 1996 para 1997, Suplicy acredita que esse incremento (de 46,2%) deveria acompanhar o aumento nos desembolsos do BNDES que, no mesmo período, chegou a 71%. "Em 1995, cada novo emprego correspondia a um desembolso de cerca de R$ 4 mil. Em 1997, essa relação passou a ser de quase R$ 8 mil, ou seja, o dobro", anotou.

O socorro a estados pelo banco, tanto para ajuste fiscal como para financiamento de privatizações, também foi comentado pelo senador do PT. Segundo relatou, a análise dos dados do BNDES demonstra que houve um aumento de 900% entre 1995 e 1997 nos desembolsos com essa finalidade. "Como se sabe, esse tipo de operação, em geral produz desemprego" disse, referindo-se ao enxugamento dos quadros de pessoal realizado pelos estados e por empresas privatizadas.

- Diante das elevadas taxas de desemprego, que atingiram 7,42% da população economicamente ativa, torna-se ainda mais urgente direcionar o investimento para atividades geradoras de empregos, de forma a ampliar a participação dos trabalhadores no usufruto da riqueza do país - reclamou.

Como sugestão para aumentar a oferta de empregos, Suplicy indicou o investimento em micro e pequenas empresas que operam com apenas 64% de utilização de sua capacidade instalada, contra 85% na indústria de transformação em geral. "Elas são as grandes empregadoras do nosso país", justificou. O senador enviou carta ao presidente do Conselho Deliberativo do FAT solicitando poder assistir à próxima reunião do órgão a fim de acompanhar o processo de decisão para aplicação dos recursos.



08/04/1998

Agência Senado


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