Suplicy critica herança financeira do Plano Real



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) criticou nesta quinta-feira (dia 2) a "pesada herança financeira" deixada pelo Plano Real desde sua implantação, há sete anos. Segundo o senador, o relatório Sete Anos do Real - Estabilidade, Crescimento e Desenvolvimento Social, publicado pela presidência da República, não reflete a realidade brasileira e não aborda a incapacidade de gerar resultados palpáveis em termos de crescimento econômico sustentado, geração de emprego e distribuição de renda.

- É necessário destacar não apenas os aspectos róseos do relatório elaborado pela presidência da República, mas apresentar os dados que nos aproximam do real cenário brasileiro - disse Suplicy.

Na área das finanças públicas, o senador afirmou que houve grande aumento do endividamento do setor público desde 1994. Segundo ele, a dívida mobiliária federal subiu de R$ 62 bilhões em dezembro de 1994, para R$ 562 bilhões em maio de 2001. "E continuou crescendo em maio e junho, por força da operação de saneamento dos banco federais, recém anunciada, da alta da taxa básica de juros e da desvalorização cambial", acrescentou. Com isso, continuou o senador, a dívida líquida do setor público (incluindo União, estados, municípios e empresas estatais), que era inferior a 30% do PIB no final de 1994, alcançou 52% do PIB em abril último.

Suplicy assinalou que a prolongada sobrevalorização cambial, de meados de 1994 até janeiro de 1999, e uma abertura pouco criteriosa do mercado interno às importações deixaram um passivo externo líquido que pode ser medido pelos déficits acumulados no balanço de pagamentos em conta corrente. "Em conseqüência desse aumento do endividamento, cresceu o volume de pagamentos ao capital estrangeiro. As despesas líquidas de juros da dívida externa subiram de US$ 6,3 bilhões em 1994 para US$ 15,1 bilhões em 2000; as amortizações, de US$ 11 bilhões em 1994 para US$ 28,2 bilhões em 2000", registrou.

Outros pontos destacados pelo senador foram a péssima distribuição de renda no país e os recordes nas taxas de desemprego alcançadas no final da década de 90 e que continuam elevadas.

- A promessa de que a estabilização da moeda melhoraria a distribuição de renda de modo significativo não se confirmou. Recorde-se que a tese oficial chegou a ser, em alguns momentos, "o combate à inflação é a melhor política social" - destacou Suplicy. Ele acrescentou que "a inflação despencou, mas os indicadores do Brasil, em termos de distribuição de renda, continuam a ser dos piores do mundo".

02/08/2001

Agência Senado


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