SUPLICY CRITICA SENADOR BIÔNICO NO CHILE



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) definiu hoje (dia 27) como "esdrúxula figura" a instituição do senador biônico, criada pelo regime militar do Chile para contemplar pessoas não eleitas diretamente pelo povo, entre elas ex-presidentes que cumpriram um mandato de seis anos de forma contínua.

No mesmo discurso, ele apontou impropriedade da iniciativa que tramita na Câmara dos Deputados para transformar em senadores vitalícios os ex-presidentes brasileiros, e defendeu que o Brasil realize eleições diretas não só para senadores, mas também para seus suplentes.

- Expressamos nossa solidariedade à luta do povo e à maioria dos deputados federais chilenos, bem como ao próprio presidente Eduardo Frei, todos empenhados em acabar com essa grave anomalia criada pelo regime militar - assinalou.

Conforme Suplicy, o regime militar chileno criou as figuras dos senadores designados e dos senadores vitalícios. Mas a invenção é tão esdrúxula que o ex-presidente Patrício Aylin, que completou apenas quatro anos de mandato, embora eleito diretamente pelo povo, não tem o direito de ser senador vitalício. Com isso, atualmente apenas uma pessoa pode ocupar esse cargo - "exatamente aquele que liderou o golpe militar que derrubou o ex-presidente Salvador Allende".

O senador referia-se ao ex-presidente e ainda comandante em chefe do Exército, general Augusto Pinochet. Segundo Suplicy, o ex-ditador anunciou que deixará seu atual posto em 10 de março próximo, e a previsão é de que assumirá o posto de senador vitalício em 11 de março. O senador informou que, em conseqüência disso, desencadeou-se no Chile um forte movimento popular para que não haja mais senadores designados ou vitalícios.

Mas observou que a maioria conservadora que compõe o Senado daquele país tem dificultado qualquer mudança nesse sentido. O presidente Eduardo Frei, afirmou Eduardo Suplicy, encaminhou proposta de emenda à Constituição para acabar com as figuras dos senadores designados e vitalícios, mas apesar de ter sido aprovada na Câmaraa matéria foi rejeitada pelo Senado, onde há 9 senadores designados. Ele recebeu da própria deputada Isabel Allende, filha de Salvador Allende, um relato das dificuldades que o Chile enfrenta nessa questão.



27/01/1998

Agência Senado


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