Suplicy defende renda de cidadania na conferência Rio+10



O líder do Bloco Oposição no Senado, Eduardo Suplicy (PT-SP), apresentou sua proposta de garantia de uma renda mínima, a ser conferida a todos os cidadãos independente de raça, sexo, idade ou condição sócio-econômica, na Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+10, realizada em Johannesburgo, na África do Sul. Durante exposição no fórum das organizações não-governamentais (ONGs), na última quarta-feira (21), Suplicy destacou a implementação da medida -como um passo significativo em direção à erradicação da pobreza, diminuição das desigualdades e garantia de maior liberdade e dignidade às pessoas-.

- Tenho certeza de que a instituição de uma renda básica incondicional figura entre os instrumentos de política econômica consistentes com o objetivo de construir uma sociedade justa e civilizada - declarou, citando como outros mecanismos do gênero a reforma agrária, o estímulo ao cooperativismo, a expansão das entidades de microcrédito e das redes públicas de educação e assistência à saúde.

Eduardo Suplicy fez questão de ressaltar, na oportunidade, que a concessão da também chamada -renda de cidadania- deveria ser vista como um direito, e não como caridade. -Todo mundo precisa ter o direito de ser um parceiro da propriedade comum de uma nação e da terra-, afirmou. Assinalou ainda que, se esse modelo for bem desenhado, será compatível com iniciativas destinadas a tornar a economia mais competitiva.

Redistribuição

O conceito de renda básica incondicional defendido pelo senador petista, exposto em recente palestra do filósofo e economista belga Philippe Van Parijs, um dos teóricos da proposta de renda mínima, na Universidade de São Paulo (USP), apóia-se em uma política de redistribuição de renda. Fundador da Rede Européia de Renda Básica (Bien), Van Parijs advoga que, ao terem salários e renda taxados, as pessoas que ganham muito devem encarar o fato como uma taxa cobrada pelo acesso a benefícios como oportunidades de estudo e trabalho.

- Taxar não é roubar parte dos frutos do trabalho, mas restaurar a justiça, distribuindo de uma forma mais igualitária os benefícios que nós recebemos da natureza, do nível de desenvolvimento tecnológico que nossa sociedade atingiu, da organização eficiente da sociedade - declarou Van Parijs em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Em outro trecho da entrevista, o economista observa que a renda básica incondicional alia a luta contra a pobreza à luta contra a exclusão do mercado de trabalho e do sistema econômico.

As idéias sobre a renda de cidadania voltam a ser discutidas por Suplicy no 9º Congresso Internacional da Rede Européia de Renda Básica, a ser realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 12 a 14 de setembro, em Genebra, na Suíça. Pelo projeto do senador paulista, apresentado em dezembro de 2001, essa medida passaria a vigorar no país a partir de 2005. Suplicy ressalva, no entanto, que sua implementação deverá ser precedida por um referendo popular promovido pela Justiça Eleitoral em outubro de 2004.



30/08/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Suplicy relata participação em conferência na Alemanha sobre renda básica de cidadania

Suplicy defende Renda Básica da Cidadania

Suplicy defende implantação da Renda Básica da Cidadania

Suplicy defende implantação da Renda Básica de Cidadania

Suplicy defende a implementação do Programa Renda Básica de Cidadania

Suplicy defende renda básica de cidadania e realização de prévias no PT