SUPLICY DIZ QUE A CRISE ATUAL ESTAVA PREVISTA
Ao reclamar que não teve direito de réplica ao interpelar sábado (dia 22) os ministros da Fazenda, Pedro Malan, e do Planejamento, Antonio Kandir, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) refutouhoje (dia 24) o entendimento de que nenhum economista previu a atual crise econômica enfrentada pelo Brasil.
Ele disse que houve quem previsse a crise mesmo quando o Brasil tinha saldo na balança comercial, sustentando que inúmeros economistas identificaram problemas para o país caso não houvesse a valorização real do câmbio.
Como exemplo, Suplicy assinalou que em seminário realizado em dezembro de 1994, no Palácio do Itamaraty, o economista Paulo Nogueira Batista citou Albert Fishlow para admoestar: "Movam a taxa de câmbio no início do processo de estabilização".
Segundo o senador, Paulo Nogueira Batista também teria previsto déficit na balança comercial, antecipando até um desequilíbrio em conta-corrente da ordem de 4% do PIB, ou seja, uma forte dependência de capitais externos. Conforme Suplicy, na ocasião em que era dado esse alerta, o presidente Fernando Henrique Cardoso refutou a hipótese de um desequilíbrio entre exportação e importação.
Numa análise das respostas dadas pelo ministro Pedro Malan na audiência de sábado, Suplicy criticou o fato de que as únicas medidas para combater o agravamento da crise social decorrente da recessão sejam as providências do programa "Brasil em Ação". Ele também contestou a afirmação do ministro sobre a falta de propostas da oposição.
Na opinião do senador, o governo prefere desenvolver esforços para socorrer instituições financeiras, por exemplo, permitindo que o BNDES conceda empréstimos a taxas de juros mais baixas para que as empresas recomprem suas ações. Conforme Suplicy, o governo é extremamente ágil em resolver problemas do mercado financeiro e excessivamente lento em atender às reivindicações dos trabalhadores.
24/11/1997
Agência Senado
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