SUPLICY RESPONSABILIZA GOVERNO PELA CRISE ATUAL E COBRA PROVIDÊNCIAS
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse hoje (dia 4) que a situação do país é crítica porque a política econômica, concentrada na valorização cambial e na abertura às importações, aumentou a vulnerabilidade da economia nacional e sua dependência financeira do exterior. Esses problemas não são novos, observou, tanto que economistas das mais variadas tendências teóricas e ideológicas já advertiram, nos últimos três anos, para os riscos a que o país estava sendo submetido.
Por esse motivo, o senador considerou que "o governo Fernando Henrique Cardoso não tem credibilidade para fugir da sua responsabilidade", nem pode transferi-la ao Congresso, muito menos aos partidos de oposição.
- A vulnerabilidade do Brasil tem a ver, fundamentalmente, com o elevado desequilíbrio externo e a sobrevalorização cambial. As reformas constitucionais não têm incidência direta sobre essas questões. Mesmo no que diz respeito ao déficit fiscal, as reformas têm pouco ou nenhum efeito no curto e médio prazos - disse.
Para Suplicy, o desequilíbrio das contas externas e das contas públicas pode ser corrigido por medidas infraconstitucionais, de iniciativa do Executivo, conforme o reconheceu o próprio presidente da República, em entrevista concedida à revista Veja: "Dizer que o real depende das reformas constitucionais é mentira", afirmou então FHC, segundo o senador.
Ele alertou que, tal como no México, no Brasil o desequilíbrio externo associa-se a forte desequilíbrio social, que "será ainda mais agravado pelo brutal aumento de taxas de juros que já eram extremamente elevadas". O senador afirmou que o governo "não tem como garantir que não haverá recessão", pois o mínimo que decorrerá do aumento dos juros, se os mercados financeiro e cambial se acalmarem com rapidez, "é uma desaceleração do nível de atividade".
Mesmo nessa hipótese mais favorável, advertiu Suplicy, haverá um aumento do desemprego e do subemprego, as contas públicas serão prejudicadas pela alta do custo financeiro da dívida pública interna e pela redução das receitas, e a estabilidade das instituições financeiras será afetada.
04/11/1997
Agência Senado
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