Suplicy lamenta morte de Márcio Moreira Alves



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), em discurso nesta segunda-feira (6), lamentou a morte do ex-deputado Márcio Moreira Alves, ocorrida neste fim de semana. Ele subscreveu o requerimento de pesar apresentado pelo senador Paulo Paim (PT-RS).

Suplicy fez um relato da vida de Márcio Moreira Alves, que após realizar um discurso contundente contra as arbitrariedades cometidas pelo regime militar, em 1968, conclamando a todos a boicotarem as comemorações de 7 de Setembro, precipitou a edição do Ato Institucional nº 5, que restringiu as liberdades, cassou direitos políticos e deu plenos poderes ao presidente da República.

Moreira Alves veio de uma família de políticos: seu pai foi prefeito de Petrópolis e seu avô, deputado por Minas Gerais. Começou a trabalhar como jornalista, aos 17 anos, no Correio da Manhã, e tornou-se correspondente de guerra. Em 1957, durante a cobertura do impeachment do então governador de Alagoas Munhoz Falcão, foi ferido por uma bala perdida dentro da assembleia legislativa e, mesmo assim, conseguiu mandar a notícia por telegrama, o que lhe valeu o seu primeiro prêmio de jornalismo, o Prêmio Esso de reportagem de 1958.

Em 1966, aos 30 anos, elegeu-se deputado pelo antigo MDB, e, dois anos depois, fez o discurso histórico que acabou levando à decretação do AI-5. Seu mandato foi cassado e exilou-se no Chile. Em 1971, seguiu para a França, onde se doutorou pela Fundação Nacional de Ciências Políticas de Paris. Só voltou ao Brasil após a anistia de 1979.

Suplicy lembrou ainda que, restabelecida a democracia, Moreira Alves explicou o que inspirou seu discurso: a história da Lisistrata, uma peça sobre as mulheres de Atenas que se recusavam a se encontrar com os maridos enquanto eles não voltassem e lutassem contra Esparta. Também contou, na década de 1990, em depoimento no documentário O Dia que não Existiu, da TV Cultura e da TV Câmara, que não podia imaginar que seu discurso fosse ter a importância que lhe deram.

O ex-deputado desfiliou-se do MDB em 1990. Passou a ser colaborador do jornal O Globo, onde escrevia desde 1993 sobre a política nacional e listava projetos bem sucedidos em todos os níveis de governo - municipal, estadual e federal - o que resultou em três livros publicados: Sábados Azuis, em 1999, Brava Gente Brasileira, 2001, e Histórias dos Brasil Profundo.

Suplicy mencionou a comoção provocada pela morte de Moreira Alves no meio político: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em nota de pesar, disse que o ex-deputado será reconhecido pela história como homem de coragem, que não se curvou ao autoritarismo. Para os filhos do jornalista, a lembrança mais forte é a do pai brincalhão, que era "um ótimo jornalista e um mau político, por sempre dizer aquilo que pensava e por não conseguir dizer o que não pensava", e um homem que "não amarelou".

Em aparte, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) também demonstrou pesar pela morte de Márcio Moreira Alves.

06/04/2009

Agência Senado


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