Suplicy questiona versão de crime passional para incêndio em favela
Em pronunciamento nesta quarta-feira (26), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que a versão da policia de crime passional para o incêndio recente ocorrido na Favela do Moinho não convence a todos, tendo em vista que teriam sido detectados três focos de incêndio na comunidade, distantes 50 metros um do outro, de acordo com relatos locais.
Em seu pronunciamento, Suplicy citou matéria publicada pela revista Carta Capital, intitulada “Fatalidade ou crime”, com um relato do incêndio que matou uma pessoa e deixou 200 desabrigados. A favela está localizada sob o viaduto Orlando Murgei, cuja estrutura ficou abalada com o incêndio, e às margens de uma linha de trens metropolitanos.
Suplicy disse que, enquanto a administração municipal tenta desapropriar a área e utilizá-la para outros fins, os moradores da favela buscam o direito de permanecer no local. O senador disse ainda que a recente onda de incêndios em favelas chama a atenção de autoridades de combate ao crime organizado, que já vem investigando esses episódios.
De acordo com a Assessoria de Imprensa da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, informou Suplicy, o recente incêndio na Favela do Moinho foi o 69º do ano. Entre 2005 e 2011, o Corpo de Bombeiros registrou 849 ocorrências em favelas localizadas na cidade de São Paulo. Em menos de um mês, foram cinco incêndios de grandes proporções, na capital. Em 3 de setembro, 1.100 pessoas ficaram desabrigadas, após a destruição de 290 barracos da Favela Sônia Ribeiro, conhecida como Morro do Piolho, na zona sul da capital paulista.
Dois dias antes, um incêndio destruiu parte de uma comunidade, a Vila Brasilândia, na zona norte da capital. Em 28 de agosto, 55 barracos de uma favela de São Miguel Paulista, na zona leste, foram destruídos pelas chamas. Menos de uma semana antes, outra favela, na Vila Prudente, também na zona leste, pegou fogo. Cerca de 150 moradias foram destruídas.
Ao final de seu pronunciamento, Suplicy disse que tem atuado sempre na linha da solução conciliatória, na busca de saídas que defendam os direitos fundamentais dos mais carentes – direito à vida, à liberdade, à educação, à saúde e ao trabalho que dignifica –, sem jamais deixar de respeitar a ação dos entes públicos, principalmente os de âmbito municipal.
- Assim, encareço ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que prossiga na busca de soluções que, obedecendo à legislação urbana da cidade, tenham como foto a proteção dos direitos do seu bem maior: as vidas humanas que planejam construir um futuro melhor para si e para toda a coletividade - afirmou.
26/09/2012
Agência Senado
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