Marina Silva denuncia morte de fiscal do Ibama e contesta versão da polícia para o crime



Ao registrar o assassinato do fiscal do Ibama João Dantas de Brito, ocorrido no dia 30 de novembro, na própria residência do servidor, em Nísia Floresta, no Rio Grande do Norte, a senadora Marina Silva (PT-AC) contestou a versão que vem sendo trabalhada pela Polícia Civil daquele estado, de que teria sido latrocínio. Ela disse que as evidências apontam para a possibilidade de o crime ter sido cometido por vingança de pessoas que tiveram seus interesses contrariados.

João Dantas de Brito, segundo a senadora, vinha comentando com colegas que teria sido vítima de ameaças de morte por pessoas atingidas pela fiscalização do Ibama, em virtude de projetos de carcinicultura (criação de camarões) irregulares. Na véspera de sua morte, ainda de acordo com Marina Silva, o fiscal teria sido orientado pelo gerente local do Ibama, Francisco Pandofe, a não fornecer informações para uma equipe do órgão de Brasília que estava no Rio Grande do Norte fazendo uma mega-operação com relação a proteção dos manguezais.

Marina Silva disse que na noite de 30 de novembro, quatro homens encapuzados renderam o porteiro do Ibama e invadiram a casa do fiscal, localizada dentro da área do órgão. "Eles o mataram com vários tiros, diante de sua esposa", prosseguiu a senadora. Os assassinos teriam levado três revólveres, munições para armas calibres 22, 32 e 38, uma carabina, R$ 230 e uma máquina fotográfica. Em noticiário de TV, foi informado o furto de um notebook utilizado pelos fiscais do órgão.

A senadora pelo Acre pediu apoio aos parlamentares do Nordeste para as ações que o Ibama vêm desenvolvendo possam receber respaldo político e também para que a Polícia Federal investigue o caso e os assassinos possam ser punidos. Ela informou que na próxima segunda-feira (10) participará de uma audiência pública para discutir o assunto, promovida pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte.

- Temos que continuar denunciando estas atividades ofensivas à natureza, apesar das reações desse tipo. No Acre, conseguimos sobreviver. Mataram alguns, mas não a todos. Uma idéia nunca é possível de ser assassinada completamente. Continua sempre no coração e na mente dos que querem cumprir o seu dever. E é dever do país a proteção de ecossistemas tão importantes como os manguezais - afirmou Marina Silva.

Em aparte, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) lembrou que a impunidade fortalece o temor dos outros fiscais de continuarem a desempenhar suas atividades. Ela pediu que o Senado possa estabelecer mecanismos para acompanhar a investigação de crimes como este. O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) disse ter conhecimento das agressões que a criação de camarões provoca no meio ambiente, ressaltando a destruição dos manguezais para que sejam implantadas.

05/12/2001

Agência Senado


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