Suplicy recomenda ações pacíficas ao MST



Lembrando o pastor americano Martin Luther King, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) recomendou nesta terça-feira (26) aos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que adotem ações pacíficas em suas táticas de ocupação de propriedades rurais. Suplicy condenou a invasão da privacidade do presidente Fernando Henrique Cardoso, durante a invasão e ocupação da fazenda dos seus familiares em Buritis, Minas Gerais. Ele também explicou que os sete senadores do PT não estavam presentes ontem em Plenário para responder às críticas dos senadores Artur da Távola (PSDB-RJ) e Pedro Simon (PMDB-RS), porque tinham compromissos em outras cidades.

- Ao vermos as imagens da invasão, concluímos que não era adequado nem respeitoso invadir a privacidade do presidente, mexer nas roupas íntimas da sua esposa. Mas, enquanto ainda houver péssimas condições de trabalho no campo, fome, escravidão e humilhação, nós temos que compreender as razões do Movimento dos Sem Terra - afirmou.

Suplicy revelou que foi convidado, por três vezes, para dar aulas a jovens do MST e, na oportunidade, disse que será cada vez mais importante que as táticas e ações do movimento utilizem a não-violência para conseguir o apoio e a simpatia da opinião pública.

- Mas, algo ocorreu. Todas as informações indicam que o governo conhecia de antemão a operação do MST. Por que o governo não agiu com maior celeridade se já havia sido avisado de que isso poderia acontecer? - indagou Suplicy.

Em aparte, o senador Tião Viana (PT-AC) lembrou que as autoridades não têm a rotina de ouvir os lamentos da população excluída. Ele defendeu o aceleramento das transformações sociais, dizendo que "é preciso respeitar a Constituição, mas também é preciso tomar a decisão firme de mudar a situação social do país".

O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) disse não concordar com a invasão da fazenda dos familiares do presidente da República e nem com a violência policial utilizada e o desrespeito pelos direitos humanos. Ele ainda denunciou ações do Exército e da Marinha na região da Restinga de Marambaia, no município de Angra dos Reis, para expulsar moradores de antigos quilombos da área onde o presidente Fernando Henrique passa finais de semana com a família.

A senadora Marina Silva (PT-AC) disse que o uso da força e o cumprimento da Justiça só acontece com aqueles que não têm acesso aos instrumentos de defesa previstos em lei. Ela lembrou que o senador Jader Barbalho e o juiz Nicolau "não foram obrigados a colocar a cara na lama".

Suplicy disse ainda que, após a quebra do acordo firmado com os negociadores do Incra, o MST não acredita mais na palavra do ministro da Reforma Agrária, Raul Jungmann, ou dos representantes do presidente da República.

- Recomendamos ao MST que (os seus integrantes) não usem violência física, mas precisamos recomendar ao presidente Fernando Henrique que não utilize as suas polícias para humilhar trabalhadores rurais sem terra - concluiu.



26/03/2002

Agência Senado


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