Suplicy reivindica apoio explícito da diplomacia a Bustani



Por solicitação do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a Mesa do Senado enviará ao ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, a íntegra do requerimento do senador Pedro Simon (PMDB-RS), aprovado por unanimidade na Casa, pedindo ao Itamaraty integral apoio à permanência do embaixador José Maurício Bustani na presidência da Organização Mundial para a Proibição de Armas Químicas (Opaq). A votação está marcada para o próximo dia 22.

Suplicy propôs que Lafer faça gestões junto aos chanceleres dos países amigos reunidos em Costa Rica para manter Bustani na presidência, derrotando pressões dos Estados Unidos que querem derrubá-lo do cargo.

O senador também solicitou que o requerimento seja enviado a Buenos Aires, onde os senadores Roberto Saturnino (PSB-RJ), José Fogaça (PPS-RS) e Roberto Requião (PMDB-PR) devem se reunir com o presidente Eduardo Duhalde, para que eles façam gestões no sentido de mudar o voto da Argentina, de abstenção na última votação, para aprovação da permanência de Bustani.

Segundo Suplicy, o que se esperava é que o apoio do Senado a Bustani levasse o Itamaraty a imediatas gestões junto aos governos dos países amigos em favor de sua permanência na Opaq, onde está fazendo um trabalho elogiado por muitos especialistas em armas químicas, mas a Chancelaria brasileira tem sido muito tímida em relação ao assunto.

Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) louvou a atuação de Bustani à frente da Opaq, onde conseguiu ampliar o número de membros de 87 para 145. Ele trabalha pela inclusão do Iraque na organização por entender que sua condição de membro levará o governo a aceitar inspeções internacionais no país. Para Simon, as autoridades norte-americanas, ao invés de reconhecerem que buscam a guerra com o Iraque, têm colocado obstáculos à estratégia de Bustani, acusando o embaixador de gestão financeira deficiente.

Também em aparte, o senador Tião Viana (PT-AC) argumentou que a oposição dos Estados Unidos à permanência de Bustani deve-se à firme decisão do presidente George Bush de manter armas biológicas e químicas em seu território, sem admitir inspeções internacionais.

- Diante do baixo custo para montar um laboratório desse tipo - meros US$ 1 milhão - e das catástrofes que essas armas podem patrocinar, é difícil compreender um país que seja contrário ao completo banimento dessas armas no mundo - afirmou o senador.

Para Casildo Maldaner (PMDB-SC), a América Latina não pode se submeter às posições belicistas dos Estados Unidos, porque "defendemos a tese de que duas horas de diálogo resolvem melhor as questões do que cinco minutos de tiroteio", observou.



11/04/2002

Agência Senado


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