Tasso: Polícia Federal está sendo usada de maneira fascista



O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse nesta segunda-feira (16) que o governo transformou a Polícia Federal (PF) em "polícia política", ao utilizar alguns de seus membros para "abafar" a investigação que poderia elucidar a operação de compra de um dossiê para prejudicar as candidaturas de José Serra a governador de São Paulo e de Geraldo Alckmin a presidente da República.

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- O governo Lula está usando a Polícia Federal de maneira fascista, e nós vamos lutar de todas as maneiras para impedir esse uso - afirmou Tasso ao lado do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e do presidente PPS, deputado Roberto Freire.

Eles acabavam de se reunir no gabinete de Tasso para definir estratégias de açãodestinadas a garantir a lisura das investigações e a impedir que o governo interfira com seu poder econômico e administrativo em prol da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Participaram ainda do encontro o senador José Jorge (PFL-PE), candidato a vice-presidente na chapa de Alckmin, e os senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Lúcia Vânia (PSDB-GO).

O grupo de parlamentares decidiu solicitar à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que acompanhe as investigações sobre o dossiê negociado entre o empresário Luiz Antônio Vedoin, o líder da "máfia das ambulâncias", e um grupo de petistas ligados à campanha presidencial e à campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo.

- O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, não tem mais credibilidade para comandar as investigações e está destruindo a credibilidade da Polícia Federal - afirmou Tasso.

O senador exigiu que se apure a denúncia, publicada pela revista Veja, de que o ex-assessor direto de Lula Freud Godoy, inicialmente citado como o mandante da compra do dossiê por Gedimar Pereira Passos, encontrou-se com seu acusador nas dependências da própria PF, e conseguiu que Gedimar voltasse atrás em sua afirmação original. Gedimar, agente aposentado da Polícia Federal, foi preso no dia 15 de setembro em um hotel em São Paulo junto com Valdebran Padilha. Com eles, a PF apreendeu R$ 1,7 milhão que seria usado na suposta compra do dossiê.

O presidente do PSDB acusou o governo de afastar do caso um delegado (Edmilson Bruno) que estava atuando de forma independente, e pretender torná-lo o único culpado, assim como teria tentado transformar o caseiro Francenildo Pereira no único culpado do escândalo que ficou conhecido como a República de Ribeirão Preto. Em função daquele caso, caiu em 27 de março o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Mesmo fora das investigações do dossiê, Bruno fotografou o R$ 1,7 milhão e divulgou o material para a imprensa.

Agora os partidos que apóiam a candidatura de Alckmin ingressarão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com um pedido para que a suposta "operação abafa" seja investigada como parte da ação já impetrada naquela corte para investigar o crime eleitoral que teria sido cometido com a tentativa do PT de prejudicar as candidaturas de Serra e Alckmin por meio do dossiê. A Coligação Por um Brasil Decente, de Geraldo Alckmin, também pedirá ao TSE que investigue o que Tasso chamou de "mega mensalão", ou seja, o apoio do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), aLula depois da promessa do presidente de liberar R$ 1 bilhão para o reescalonamento da dívida de produtores rurais.

- Isso é compra de apoio - afirmou Tasso.

Roberto Freire disse que está esperando a carta de desfiliação de Maggi.



16/10/2006

Agência Senado


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