Távola diz que classe política está se tornando escrava da mídia e das pesquisas
Segundo o senador, os políticos estão sendo convencidos a trocar o horário eleitoral de 20 minutos por spots de 20 ou 30 segundos, sob o pretexto de serem "menos chatos" e não provocarem queda na audiência. Ele observou, no entanto, que os spots retiram o conteúdo do discurso político e igualam os candidatos a produtos de consumo como o sabão. Távola disse que esse processo leva, inevitavelmente, ao populismo, acrescentando que isso só acontece porque o sistema de governo no Brasil é o presidencialismo.
- Isso é uma falácia do presidencialismo. No parlamentarismo isso não aconteceria porque o primeiro ministro sai da articulação da classe política - explicou.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) assinalou que mesmo num modelo simples de programa, com o candidato em frente a uma câmera de TV, ainda assim ganharia aquele que tivesse maior capacidade histriônica, um ator profissional. Requião sugeriu a criação de "uma espécie de Roda Viva", composta por entrevistadores escolhidos de forma independente que sabatinariam os candidatos. Ele disse ainda não entender como foi possível burlar a lei eleitoral para transformar um programa de 20 minutos em spots de 20 ou 30 segundos.
O senador Lauro Campos (PT-DF) concordou com Távola e lembrou ter escrito livro (Entre a Mentira e o Silêncio) em que previa a falta de conteúdo político na próxima campanha eleitoral.
- Receio que os candidatos comecem a apresentar receitas de doces e quitutes por absoluta falta de idéias - disse.
O senador Edison Lobão (PFL-MA) concordou com a necessidade de aperfeiçoamento da lei eleitoral e assinalou desconhecer qualquer candidato, eleito ou não, que não tenha se submetido à mesma lei e às mesmas regras que os outros candidatos.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que se for analisado tudo o que se diz sobre corrupção na política, percebe-se "que tudo começa lá na campanha política". Simon defendeu o financiamento público das campanhas eleitorais, o parlamentarismo como sistema de governo e programas mais simples com o candidato diante da câmera, sem nenhum efeito especial e cenas externas.
Távola disse ainda que considera um absurdo que as pesquisas de opinião voltadas para a campanha presidencial do próximo ano não tragam o nome de Simon. Ele lembrou que Simon é um político com currículo extenso, que faz parte da história política brasileira, é pré-candidato declarado e deveria ser tratado com mais respeito.
26/11/2001
Agência Senado
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