TÁVOLA: "NINGUÉM GANHA NUMA GUERRA ESTÚPIDA"



Se as cenas da população iugoslava comemorando o fim da guerra, transmitidas em todas as televisões, foram comoventes, os debates com especialistas em política internacional foram, na opinião do senador Artur da Távola (PSDB-RJ), "futebolizados" por considerações em torno de quem, afinal, teria ganho a guerra. - Quem ganha numa guerra estúpida? Ninguém. Todos perderam - disse, enfatizando que, além dos kosovares e dos sérvios, perdeu o mundo todo, que viu instalar-se, acima do Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma máquina de guerra mobilizada pelos interesses das indústrias bélicas.É isso que, segundo Távola, passou despercebido no volume de notícias e entrevistas sobre a guerra na Iugoslávia: a cisão grave na ordem internacional, representada "pelo estabelecimento de um poder paralelo", acima da ONU, que instrumentaliza o poder - "e a incompetência" - da Organização do Tratado Atlântico Norte (Otan) para interferir em questões internas seculares de um país, como ocorreu na Iugoslávia.A evidência das comemorações, acrescentou o senador, é que nelas "estava o cerne da questão da paz: a população que sempre paga pelos delírios dos donos do poder". As cenas transmitidas na última quinta-feira também teriam mostrado que, nos festejos, estavam pessoas que nada têm a ver com a Otan, Bill Clinton, Slobodan Milosevic, limpeza étnica, ou quaisquer outras autoridades ou organismos e seus motivos.Para o senador, são poucas as pessoas que compreendem a política, "a arte de impedir guerras, tanto as que resultam em violências internas como as que confrontam países armados". A política, reiterou, é a busca do entendimento até o último instante e só isso justifica sua existência, "daí ela ser uma das artes mais complexas do nosso tempo". E é por exercitar ao máximo a conciliação através do debate que a política é, também, tão mal compreendida, acrescentou.- A política impede que a paixão em estado puro predomine sobre o discernimento, a inteligência e a harmonia - enfatizou, dizendo que política não combina com poderes militares, muito menos paralelos, mobilizados por interesses econômicos que predominam sobre os interesses de vida.

11/06/1999

Agência Senado


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