Tecnologia deverá diminuir papel humano no controle aéreo, diz Ozires Silva



 O número de passageiros de transportes aéreos chegou em 2006 a 2,2 bilhões de pessoas ao ano em todo o mundo, 80 milhões só no Brasil. Esse número cresce a uma taxa de 6% a 7% anualmente, sendo que no Brasil e na Ásia essa taxa ainda é maior. Para lidar com um aumento tão expressivo de demanda de vôos, o setor vem investindo em pesquisas de novas tecnologias que diminuam a participação do ser humano no controle de tráfego aéreo. Essas informações foram prestadas pelo ex-presidente da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e da Varig e ex-ministro de Infra-Estrutura e Transportes, Ozires Silva, durante reunião desta terça-feira (12) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo. A reunião teve como objetivo debater a qualidade e a segurança do controle do espaço aéreo no Brasil.

- O ser humano não será capaz, sem a automação do sistema, de controlar com segurança o tráfego aéreo. Nossa capacidade é limitada e vai ser superada pela avalanche do trafego aéreo, muito acima da nossa capacidade de julgar - afirmou Ozires Silva.

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Além da redução da participação humana no controle de vôo, outra tendência no setor é promover a construção de aeroportos secundários. Se isso não for feito, acredita Ozires Silva, "o colapso virá". O ex-ministro destacou que o tráfego aéreo comercial hoje no Brasil atende apenas a 130 cidades, de um total de mais de cinco mil municípios.

A construção de mais aeroportos em mais cidades, afirmou Ozires Silva, também está relacionada à tendência de haver cada vez mais vôos comerciais feitos com aviões menores. O especialista destacou que já existem dois aeroportos privatizados no Brasil - em Macaé (RJ) e Porto Seguro (BA) - e que ambos funcionam bem. Também lembrou que no exterior é comum haver aeroportos privados e que há muitos investidores interessados nesse empreendimento.

O especialista defendeu ainda a "desregulamentação" do sistema de transporte aéreo nacional, a fim de permitir o crescimento desse setor que, avaliou, é "um importante vetor de desenvolvimento". O relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pediu uma lista de sugestões de desregulamentação, que Ozires Silva prometeu fornecer à CPI em breve.

Ozires Silva elogiou ainda a capacidade da Aeronáutica brasileira de organizar o controle de tráfego aéreo nacional e responder pelo setor. Na opinião do ex-ministro, o planejamento da Aeronáutica brasileira é "lúcido" e perfeitamente preparado para enfrentar os desafios futuros.

- Espero quehaja recursos (do governo) necessários para isso - disse Ozires Silva.

Mas o especialista reconheceu, quando questionado pelo presidente da CPI, senador Tião Viana (PT-AC), que existe o risco de o sistema de tráfego aéreo nacional ser rebaixado de classe por organismos internacionais. Ozires Silva destacou que esse rebaixamento seria resultado de "uma percepção" de órgãos reguladores norte-americanos, influenciada pelos problemas que vêm ocorrendo nos aeroportos, e que mesmo que não tenha base em riscos reais, representaria prejuízos enormes para a aviação nacional.

- Se autoridades aeronáuticas dos Estados Unidos colocarem em dúvida as condições de segurança do tráfego aéreo brasileiro, mesmo que não seja correto, a tendência mundial é acompanhar a posição americana. Os Estados Unidos têm capacidade de produzir regulamentações que são parâmetros em todo o mundo - afirmou Ozires Silva.

Questionado por Demóstenes Torres, Ozires Silva disse que a movimentação por aumento de salário é feita por uma pequena minoria de controladores de vôo. Para o especialista, a maioria dos controladores é "gente de primeira qualidade, com um trabalho excepcional". E disse ainda duvidar que o simples aumento salarial resolva a "insatisfação" dos controladores.

Em resposta ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que declarou ter enfrentando recentemente atrasos de vôos, Ozires Silva disse que essa situação é resultado de um conjunto de problemas, entre eles congestionamento nos aeroportos, crescimento da demanda por passagens maior que a oferta e problemas no controle de tráfego aéreo. O especialista contou que muitos desse problemas já existiam antes do acidente entre o avião da Gol e o jatinho Legacy, em setembro de 2006, mas que antes "não tinham a visibilidade pública que estão tendo agora".



12/06/2007

Agência Senado


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