Temas polêmicos elevam participação em enquetes da Agência Senado



A Agência Senado vem realizando, em parceria com a Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública (Sepop) da Casa, enquetes mensais desde maio passado. No final do ano, dois temas polêmicos - o projeto que trata do ato médico e o que criminaliza o preconceito contra os homossexuais - foram tema de enquetes, obtendo, cada uma, a participação de cerca de meio milhão de internautas (veja gráficos abaixo).

- Essas votações nos surpreenderam. São um indício do avanço da inclusão digital no país - disse Antonio Caraballo, diretor-adjunto do Sepop.

Para Caraballo, questões polêmicas tendem a atrair mais os internautas, o que explicaria as altas votações nos meses de maio, novembro e dezembro. Mas ele também avaliou que temas controversos podem atrair menos atenção "quando são mais específicos ou de caráter mais técnico", como seria o caso da entrada da Venezuela no Mercado Comum do Sul (Mercosul), que teve pouco mais de oito mil votos, e da exploração do petróleo na camada pré-sal, com 3,49 mil votos.

A maior participação se deu na enquete de dezembro que tratou do projeto que regulamenta o chamado ato médico - foram registrados mais de 545 mil votos. A participação intensa pode ser explicada pela mobilização das entidades que reunem profissionais de saúde, interessadas na regulamentação do tema pelo Senado. Foi o caso da Sociedade Brasileira de Fisioterapeutas Acupunturistas (Sobrafisa), que procurou orientar a categoria a respeito do texto.

Caraballo explicou que, em geral, os temas são escolhidos a partir de projetos de lei que tramitam no Senado, como foi o caso do sistema de cotas para universidades públicas, da redução da maioridade penal, da entrada da Venezuela no Mercosul, dos jogos de azar pela internet, da criminalização da homofobia e do ato médico. Ele observou que "isso é uma forma de oferecer um subsídio aos parlamentares sobre como a opinião pública percebe tais assuntos".

O diretor-adjunto do Sepop destacou, porém, que "as enquetes não têm o rigor de uma pesquisa de opinião, que pressupõe uma série de procedimentos, como a estratificação da população".

- A enquete é mais livre e nunca terá a precisão de uma pesquisa de opinião - reiterou ele.

Hackers

Caraballo ressaltou que uma das preocupações dessa secretaria é tentar garantir que cada internauta vote apenas uma vez em cada enquete, evitando, por exemplo, "ataques hackers". Ele afirmou que, na enquete sobre a criminalização do preconceito contra os homossexuais, constatou-se que houve, no período noturno de um dos dias em que a votação esteve no ar, uma frequencia de 30 mil votos por hora. Para resolver o problema, o processo de votação foi interrompido, a enquete foi "zerada" e foram introduzidos reforços nos mecanismos de segurança.

- Agora, a exemplo do que é feito em outros sites, exigimos a digitação de uma senha de quatro números, para impedir, por exemplo, a repetição automática dos votos - explicou ele.

07/01/2010

Agência Senado


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