Terceirização e trabalho temporário em debate na CAE



A contratação de mão-de-obra por empresas terceirizadas e a realização de contratos temporários de trabalho mais flexíveis que os previstos pela legislação atual serão debatidas nesta terça-feira (dia 13) em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE). Os debates serão feitos tomando por base o substitutivo do senador Paulo Souto (PFL-BA) a projeto de lei do Executivo modificado pela Câmara.

Participam da audiência pública, como convidados, o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Almir Pazzianotto; o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício; o presidente do Tribunal Regional do Trabalho da Segunda Região (São Paulo), Francisco Antônio de Oliveira; e o presidente da Federação de Serviços do Estado de São Paulo, Luigi Nesse.

Ao apresentar o seu parecer, encaminhando substitutivo, o senador Paulo Souto disse haver examinado com muito cuidado as 32 emendas apresentadas ao projeto da Câmara pelos senadores Jorge Bornhausen (PFL-SC) e Pedro Piva (PSDB-SP). Segundo Souto, todos os pontos controversos não estavam no projeto original do governo sobre o assunto, e foram introduzidos em sua passagem pela Câmara dos Deputados.

- A Câmara chegou a resultados nitidamente opostos àqueles pretendidos pelo projeto original, tornando extremamente mais complicadas as relações entre os agentes envolvidos, ficando muito próximo de inviabilizar, por exemplo, a contratação de serviços de terceiros - afirma Paulo Souto em seu parecer.

Diante dessa constatação é que o relator decidiu praticamente resgatar a idéia original do projeto. Explica o senador que acatar a proposta que veio da Câmara, seria, por exemplo, "admitir que uma construtora não poderia contratar uma empresa para demolir um prédio, outra para fazer a terraplanagem ou outra para realizar os serviços de pintura".

Setores como o das montadoras de automóveis, que contratam serviços de empresas especializadas teriam enormes dificuldades. "Restringir a contratação de serviços de terceiros a atividades diferentes da atividade econômica das contratantes seria simplesmente obrigar as empresas a contratarem serviços estranhos ao seu objetivo" - argumenta a Paulo Souto.

Pela proposta oriunda da Câmara - explica o relator - uma grande mineradora não poderia ter em seu grupo econômico uma empresa especializada, por exemplo, no transporte ferroviário ou marítimo de seus produtos, sendo obrigada a contratar esses serviços com outra empresa, eventualmente, até mesmo uma concorrente estrangeira.

Paulo Souto também rejeitou a fixação de um capital social de R$ 250 mil para as empresas de terceirização. Esse dispositivo, para ele, representaria "um golpe de morte" em milhares de empresas de terceirização, em sua maioria, micro e pequenas empresas. O relator rejeitou dispositivo que proibia a contratação de mão de obra terceirizada para impedir que atividades essenciais viessem a ser paralisadas completamente, no caso de greve. Também rejeitou o limite de oito horas semanais de trabalho para as contratações de serviço temporário.

12/11/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


CAE aprova projeto que regulamenta terceirização e trabalho temporário

CDH debate terceirização do trabalho no Brasil

Reunião de trabalho debate terceirização da mão de obra no setor de energia

Regularização de trabalho temporário na área rural terá debate

Procurador do trabalho aponta "terceirização" da saúde na Paraíba

Procurador acredita que projeto que regulamenta terceirização piora as condições no trabalho