Tião Viana diz que Renan tem o direito de lutar pela absolvição



- Eu acho que não se pode tirar o direito do senador Renan Calheiros de lutar, com todas as forças que lhe sejam possíveis, no sentido de defender a sua absolvição.

A afirmação foi feita na manhã desta quinta-feira (29) pelo presidente interino do Senado, Tião Viana, quando indagado pelos jornalistas a respeito dos votos que o presidente licenciado da Casa garimpa para ser inocentado. Renan Calheiros será julgado, em Plenário, na próxima terça-feira (4), sob a acusação de que se utilizou de terceiros para comprar veículos de comunicação em Alagoas.

Ao retornar da celebração do aniversário do filho, que completou cinco anos de idade, Tião Viana foi indagado sobre a movimentação de Renan Calheiros. Um jornalista disse que uma câmera filmou o presidente licenciado, em Plenário, anotando numa folha de papel os votos que lhe são favoráveis. Tião Viana comentou que, como todo acusado, Renan tem o direito de trabalhar em favor da absolvição.

- Porque é nisso que ele acredita e é por isso que ele tem o direito de lutar. Do mesmo modo, aqueles que acham que deve haver um ato condenatório, têm que se movimentar também.

- Há um clima mais forte para absolver Renan? - perguntaram-lhe na entrevista.

- Eu não quero entrar nesse debate pela condição de estar presidindo interinamente o Senado. Prefiro deixar esse assunto com a consciência de cada parlamentar, com a visão que cada um tem da instituição e com o que cada um entende ser um ato de justiça a ser praticado por cada senador.

- O senhor conversou com Renan Calheiros sobre uma possível renúncia da Presidência do Senado?

- Não, ocasionalmente nós falamos em assuntos legislativos concernentes à ordem do dia. Quando o assunto é o julgamento dele, nós sempre evitamos falar, por uma questão de respeito.

- Ele não deu nenhum sinal de que pretende renunciar?

- Não, pessoalmente, a mim ele não deu esse sinal, não.

Tião Viana foi também indagado sobre a possibilidade de a votação referente à prorrogação da CPMF misturar-se com o julgamento de Renan Calheiros. Isso porque há movimentações na Casa para que a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prolonga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira ocorra dois dias depois do julgamento de Renan.

- Quando se misturarem essas duas situações, nós vamos prejudicar a Casa, vamos prejudicar o Senado. Acho que um julgamento sobre ética que envolva consciência parlamentar, que envolva uma visão sobre a instituição, não pode se misturar com uma agenda que é de interesse do Brasil, que diz respeito ao financiamento de programas sociais, da saúde do povo brasileiro. Separar essas duas coisas é sempre um bom caminho para quem quer a maturidade institucional. Acho que não é bom para a instituição que um julgamento sobre ética se misture com um assunto que é da ordem do dia da sociedade brasileira.



29/11/2007

Agência Senado


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