Tião Viana: endemia de dengue exige acordo entre União, estados e municípios
O senador Tião Viana (PT-AC) disse nesta terça-feira em plenário que a endemia de dengue uma "derrota da sociedade brasileira". Para ele, a doença somente poderá ser vencida se União, estados e municípios entenderem que a responsabilidade do combate à enfermidade é comum a todos essas instâncias do setor público.
Em discurso proferido da tribuna nesta quarta-feira (27), Tião Viana afirmou que as autoridades travam um "debate pequeno" ao se limitarem a discutir de quem é a culpa pela endemia. Para o parlamentar, o aumento da dengue somente será detido se tratada "com a devida seriedade, o investimento e a pactuação" entre as autoridades envolvidas.
O representante acreano no Senado lamentou, no entanto, que a União tenha reduzido em R$ 869 milhões o orçamento deste ano para o controle das endemias, em comparação ao ano passado. Ele informou ainda que o orçamento traz reduções de R$ 1,2 bilhão na verba para saneamento básico e o Ministério da Saúde está ameaçado de ter seus recursos diminuídos em R$ 3 bilhões este ano.
- Espero que as autoridades não tratem como determinismo histórico e fatalidade o aumento da epidemia de dengue e da mortalidade - afirmou Tião Viana, lembrando que, se por um lado a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) tem técnicos de altíssima qualidade, por outro, o Poder Executivo não cumpre suas obrigações.
O senador leu um artigo do professor Pedro Luiz Tauil, da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), que apresenta respostas para o ressurgimento da dengue, 60 anos depois de banida do país. Ele lembra que o Brasil e mais 17 países das Américas eliminaram o Aedes aegypti de seus territórios nas décadas de 50 e 60, após "uma gigantesca campanha continental".
O país foi reinfestado pelo mosquito em 1976 e a doença encontrou facilidade para se proliferar na água acumulada nas embalagens descartáveis usadas pelo sistema industrial moderno. O professor sublinha que mais de 4 mil municípios já detectaram a presença do mosquito. Para ele, a dengue já pode ser considerada uma endemia no Brasil, porque ocorre todos os anos e não apenas esporadicamente.
O artigo lembra as duas grandes epidemias de dengue hemorrágica na América Latina - em Cuba, em 1981, e na Venezuela em 1991 -, controladas com "o estabelecimento de um plano de atendimento médico-hospitalar bem definido e organizado". Para o professor, o controle da doença "pode ser alcançado por meio da elaboração e execução de um plano de atendimento médico-hospitalar, hierarquizado, com pessoal treinado, disponibilidade de leitos e insumos, para diagnóstico e conduta adequada em função da gravidade dos casos".
Para o pesquisador da UnB, é possível prevenir as epidemias de dengue, mesmo as de pequena dimensão, mas "somente por meio de uma drástica redução da densidade de infestação pelo Aedes Aegypti e sua manutenção em níveis constantemente baixos, uma vez que sua eliminação, como ocorrida no passado, parece extremamente complexa em virtude das características biológicas de sobrevivência do mosquito e das condições de vida moderna nas nossas cidades".
27/03/2002
Agência Senado
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