Tião Viana lamenta ausência de médicos no interior e defende contratação de estrangeiros



A escassez de médicos para socorrer a população do interior do Brasil voltou a ser lembrada em Plenário, nesta sexta-feira (dia 22), pelo senador Tião Viana (PT-AC). Ele lamentou a ausência destes profissionais em mais de 1200 municípios brasileiros e apelou para que o ministério da Saúde, diante do fracasso de suas tentativas de atrair médicos para estados como Acre, Maranhão e Piauí, abra as portas para os estrangeiros interessados em atuar nessas regiões.

Segundo Tião Viana, apesar de o governo oferecer aos médicos salários de R$ 4500,00, com apoio à especialização e seguro de vida para suas famílias, o número de profissionais brasileiros interessados em trabalhar em regiões carentes tem sido ínfimo. O senador disse que a formação médica é dissociada da realidade do país e incapaz de dar um suporte humanista aos novos profissionais de saúde.

Tião Viana criticou o Conselho Nacional de Medicina, que é contrário à abertura do Brasil para o trabalho de profissionais estrangeiros. O senador apontou para a eficiência e desprendimento dos médicos do programa familiar de Cuba, que em parceria com o governo do Acre, chegaram a zerar a mortalidade infantil nas regiões em que atuaram.

- O corporativismo do Conselho Nacional de Medicina deve ser limitado pela ética. O Brasil não pode proibir que médicos estrangeiros que queriam trabalhar nas regiões periféricas atuem no país, diante do desinteresse de médicos brasileiros - disse.

Ele lembrou ainda que países como Venezuela, Peru e México têm programas de internato rural, que envia médicos para suas regiões isoladas. Tião Viana afirmou que falta ao Brasil um novo projeto Rondon, que leve para o interior médicos, dentistas e servidores sociais. "33% dos municípios da Amazônia não têm médicos", afirmou.

Em aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) elogiou o discurso de Tião Viana e lembrou do projeto de sua autoria, de aumentar em um ano o tempo de formação dos profissionais de saúde, que trabalhariam, nesse período, no interior do país. O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) solidarizou-se com Tião Viana e afirmou que a carência de médicos não ocorre apenas na Amazônia ou no Nordeste, mas que também no Rio de Janeiro há comunidades desassistidas e esquecidas pelo poder público, como o Complexo do Alemão e o Complexo da Maré.

22/06/2001

Agência Senado


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