Tião Viana pede audiência pública para discutir assassinatos de policiais
O senador Tião Viana (PT-AC) apresentou dados do jornal Folha de S. Paulo que indicam o assassinato de 281 policiais no Brasil entre 1º de janeiro e 15 de julho deste ano. Desse total, 81 foram mortos no Rio de Janeiro, 59 em São Paulo, 29 na Bahia, 23 em Minas Gerais e 18 no Pará.
Em pronunciamento nesta terça-feira (7), o senador propôs a realização de audiência pública na Comissão de Assuntos Sociais ou na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, para ouvir o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e representantes dos governos e das polícias militares dos estados mais atingidos, como forma de o Senado homenagear os policiais e levar esta discussão para a sociedade brasileira.
Tião Viana ressaltou que os policiais militares no Brasil "sequer podem transitar fardados", já que às vezes basta a indumentária para que sejam assassinados. Nota técnica encomendada pelo senador à Consultoria do Senado informa que, dos 81 policiais mortos no Rio de Janeiro, 69 eram militares. A nota informa que morre um policial militar a cada 17 horas no Brasil.
A nota cita outra pesquisa, realizada pelo jornal O Globo e publicada na edição de 21 de março deste ano, segundo a qual foram mortos no Rio de Janeiro 147 policiais em 2003; 152 em 2002; 128 em 2001; 138 em 2000; 131 em 1999; e 122 em 1998. Os números do estado superam o de policiais assassinados em todos os Estados Unidos: 48 em 2003; 59 em 2002; 135 em 2001; 52 em 2000; 46 em 1999; e 64 em 1998. Os dados americanos de 2001 incluem os mortos nos atentados ao Pentágono e ao World Trade Center.
O parlamentar trouxe ainda dados sobre assassinatos de policiais no Canadá e no Reino Unido, que permitiram a ele afirmar que morrem, a cada ano, mais policiais no Rio de Janeiro do que nesses países e nos Estados Unidos, somados. Ele também afirmou terem sido mortos no Brasil, nos seis primeiros meses deste ano, mais policiais que nos últimos três anos e meio nos Estados Unidos, incluídos os mortos nos atentados terroristas.
Em aparte, o senador Magno Malta (PL-ES) afirmou que o traficante Fernando Beira Mar disse que o dinheiro obtido com a venda de drogas para fora do país se transformam em armamentos que acabam matando policiais. O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse que o governo que não reage a isso não terá demonstrado capacidade de administração pública.
Para Tião Viana, o país vive "um estado de esquizofrenia absoluta", buscando um culpado a cada policial assassinado, enquanto em outros lugares, como Nova York, a intervalos regulares se procura novas saídas para combater o problema como um todo. Citou também o exemplo de seu estado - que, como o Amazonas, o Amapá e o Rio Grande do Norte, não registrou assassinatos de policiais na pesquisa de 2004 -, onde se fazem reuniões a cada 15 dias para se avaliar as estratégias de segurança pública.
07/12/2004
Agência Senado
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