TIÃO VIANA QUER MAIS PROTEÇÃO PARA GESTANTE NA AMAZÔNIA



Medidas simples como exames de urina e pré-natal poderiam reduzir em 50% a taxa de mortalidade materna na Amazônia. Essa afirmação foi feita pelo senador Tião Viana (PT-AC) nesta sexta-feira (dia 26) ao criticar atuação da Fundação Nacional de Saúde (FNS). Para o senador, o problema não está na falta de recursos, mas na insensibilidade e na omissão dos gestores da FNS nos estados. "A Fundação Nacional de Saúde é um caso de polícia", afirmou Tião Viana.O senador comparou os índices de mortalidade materna no Brasil com os mesmos índices em outros países. Segundo dados do Unicef, no Brasil morrem 160 gestantes, devido a complicações decorrentes de gravidez e parto, por grupo de 100 mil partos de crianças vivas, enquanto na Argentina as mortes chegam a 44, no Chile 23 e em Cuba 24. "Para mim é difícil entender como a 10ª economia do mundo está tão perto do Sudão e tão longe do Chile, de Cuba e da Argentina. Nem 10% das mulheres tem acesso a exames ginecológicos no Acre", protestou o senador.Tião Viana sugeriu que sejam punidos os municípios e estados que recebam recursos da FNS e não atinjam índices pré-determinados de mortalidade materna e infantil. "Não é só repassar recursos, mas cobrar resultados nos índices. O Brasil precisa ter responsabilidade com seus indicadores para poder mudar a realidade", afirmou o senador.O senador Mozarildo Cavalcante (PFL-RR), em aparte, defendeu a descentralização do Serviço Único de Saúde (SUS) para os estados e a modificação da FNS para uma agência normatizadora e fiscalizadora do Plano Nacional de Saúde (PNS). Mozarildo concordou com Tião Viana que o maior problema da FUS é o gerencial. Para ele, a FNS deveria desativar imediatamente as delegacias estaduais e a punição defendida por Viana para municípios e estados que não atinjam os índices desejados, deveria ser estendida ao nível federal. Segundo Mozarildo, a corrupção e os apadrinhamentos políticos estão, principalmente, no nível federal. "Aqui em Brasília está o maior câncer da saúde no Brasil", afirmou. O senador Jefferson Péres (PSDB-AM) disse que "infelizmente, no Brasil, a administração pública cresce como rabo de cavalo". Péres explicou que a FNS substituiu o antigo Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp) que, segundo ele, era imune a interferências políticas e implantou um excelente trabalho na Região Amazônica, especialmente na área de saneamento básico. "A Fundação Nacional de Saúde é um órgão desmontado, sucateado e sofre interferência política", afirmou o senador. Jefferson Péres defendeu a convocação do ex-presidente da FNS para explicar o que aconteceu durante sua gestão.Tião Viana disse que já solicitou audiência com o novo presidente da FNS para analisar situação do Acre e discutir alternativas para reverter o quadro da mortalidade materna no estado e na Amazônia. Segundo o senador, é possível modificar a situação atual com a adoção de exames simples, fazendo com que o índice de mortalidade caia 50% em pouco tempo. "Cuba gasta US$ 20 por pessoa com saúde e tem índices comparáveis aos do Canadá. O Brasil gasta mais de US$ 200 por pessoa", revelou o senador.

26/03/1999

Agência Senado


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