Tião Viana: saneamento no país é "vergonhoso"



O senador Tião Viana (PT-AC) classificou como "vergonhosa" a realidade dos serviços de saneamento básico no país, revelada em recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo informou em Plenário, nesta quinta-feira (18), a coleta de esgoto experimentou um "tímido" crescimento de 4,9% entre 1989 e 2000, passando de 47,3% para 52,2%.

- A situação é ainda mais delicada se considerarmos que desse percentual, somente 35% são devidamente tratados - comentou.

A oferta de água potável também preocupa o senador petista. Enquanto o volume de água tratada distribuída cresceu 52,5%, o volume de água sem tratamento que chega aos domicílios aumentou 191,3% no período. Tião Viana observou que o problema é mais sério na Região Norte, onde o percentual de domicílios que recebem água imprópria para consumo é de 32,4%.

Das 125.281 toneladas de lixo produzidas diariamente no Brasil, o IBGE constatou que 70% são jogadas a céu aberto, destino idêntico ao dos 14,5 milhões de metros cúbicos de esgoto, conforme registrou o senador.

- O fato é que os recursos públicos para investimento nessa área foram praticamente suspensos - afirmou, aliando a esse problema "cortes orçamentários, corrupção e indiferença dos gestores" que atingiram empresas estaduais e municipais de saneamento.

O senador destacou que, enquanto aguarda a reforma sanitária, que seria implementada no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a população brasileira sofre com doenças associadas às carências nos sistemas de abastecimento d"água, esgoto sanitário, drenagem e limpeza urbana e coleta de lixo. De acordo com Tião Viana, estima-se que 25% de todas as internações hospitalares tenham "íntima vinculação" com a questão do saneamento.

- Somente em 2001, o SUS acolheu 888 mil pacientes internados por razões etiológicas vinculadas à crise de saneamento - informou.

Em aparte, os senadores Paulo Hartung (PSB-ES), Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS) e Roberto Requião (PMDB-PR) também se mostraram interessados nos rumos do saneamento básico no Brasil. Para Hartung, essa questão tem de estar inserida na discussão da reforma urbana. Requião acredita que os atendimentos em saúde teriam uma redução expressiva com a concessão de uma cota mínima gratuita de água potável. Já o senador Juvêncio da Fonseca defendeu um programa nos moldes do Plano Nacional de Saneamento (Planasa), lançado nos anos 70 pelo governo federal e que tinha como meta estender esse serviço, no prazo de 10 anos, a pelo menos dois terços da população.



18/04/2002

Agência Senado


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