Tombini defende pacote de medidas para manter estabilidade econômica
O diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Alexandre Tombini, indicado para presidir a instituição, disse que não hesitará em lançar mão de "medidas prudenciais" para manter a inflação sob controle, a estabilidade da economia e o poder de compra da moeda, além de prevenir a formação de bolhas de crédito. O nome de Tombini foi aprovado pelos senadores após sabatina realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça-feira (7).
- Não hesitarei em adotar medidas prudenciais e macroprudenciais que garantam o crescimento do crédito de forma sustentável - disse Tombini.
Durante a sabatina, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) criticou o pacote de medidas adotado pelo BC este mês, que indicaria uma política econômica mais austera no próximo ano, segundo ele, oposta ao que o governo anunciava antes das eleições.
- A impressão que fica é de que nós estávamos no "Brasil ficção" e passamos ao Brasil real. É o que concluímos com essas medidas que tratam de ajuste fiscal rigoroso, o pacote anunciado com o temor da elevação da inflação - disse o senador.
Em resposta, Tombini defendeu a adoção das novas medidas que, de acordo com ele, permitirão a estabilidade do sistema financeiro. Ele assinalou a importância das "medidas prudenciais" adotadas recentemente, "até para a própria segurança do sistema e da economia", defendendo, também, uma proximidade maior entre o câmbio flutuante e os fundamentos da economia, sem "simplesmente deixar que políticas de outros países determinem a direção dessa importante variável econômica".
Os parlamentares também demonstraram preocupação com o controle da inflação e com a taxa de juros.Respondendo a questionamentos dos senadores Francisco Dornelles (PP-RJ), Eduardo Suplicy (PT-SP), Roberto Cavalcanti (PRB-PB), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Pedro Simon (PMDB-RS) e Valdir Raupp (PMDB-RO), Tombini defendeu a manutenção da política econômica do atual presidente do BC, Henrique Meirelles.
Tombini lembrou que o Banco Central tem conseguido manter a inflação próxima - "quando não em cima" - das metas e isso, afirmou, abriu espaço para a queda da taxa de juros real na economia.
Autonomia
Indagado pelos senadores a respeito da autonomia de que gozará o BC durante o governo Dilma, Tombini garantiu que mesmo sem uma regulamentação legal, a instituição desfrutará de autonomia operacional para perseguir a meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5% para os próximos dois anos.
- O sistema de metas para a inflação adotado em 1999 é o embrião da autonomia operacional do BC. Ele garante ao BC perseguir essa meta de forma autônoma.
Currículo
Alexandre Antônio Tombini é funcionário de carreira do BC, onde trabalha há mais de 15 anos. Na instituição, ocupou as funções de diretor de Estudos Especiais e a chefia do Departamento de Estudos e Pesquisas. Também atuou nos Ministérios do Planejamento e da Fazenda.
Entre 2001 e 2006 foi assessor sênior da Diretoria Executiva no escritório da representação brasileira junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Tombini formou-se em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e obteve o Ph.D em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP), relator da mensagem da Presidência da República com a indicação de Tombini, afirmou em seu voto favorável à aprovação de seu nome que o indicado tem "competência acadêmica e profissional muito qualificada".
07/12/2010
Agência Senado
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